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Nome do senador Aécio Neves foi citado em depoimento de delator Fernando Moura na Lava Jato. | George Gianni/ PSDB/Fotos Públicas
Nome do senador Aécio Neves foi citado em depoimento de delator Fernando Moura na Lava Jato.| Foto: George Gianni/ PSDB/Fotos Públicas

Em depoimento à Justiça Federal na tarde desta quarta-feira (3), o delator Fernando Horneaux de Moura, apontado como lobista ligado ao ex-ministro José Dirceu, citou o suposto envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB) na divisão de propinas em contratos com Furnas Centrais Elétricas. O político já havia sido citado pelo doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava Jato , mas suas afirmações foram consideradas “vagas” pelo Ministério Público Federal.

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Conforme relato do lobista, no final de 2002, depois da primeira eleição do ex-presidente Lula, houve uma reunião para definição de nomes para ocupar diretorias da Petrobras. No encontro, Moura teria pedido a José Dirceu, que depois ocuparia a Casa Civil, a manutenção de Dimas Toledo na diretoria de Furnas. A princípio, segundo Moura, Dirceu teria relutado, já que o diretor era mantido no cargo por indicação de Aécio Neves, adversário político de Lula.

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Porém, depois de um mês, conforme contou o delator ao juiz Sergio Moro, Dirceu informou a Moura que Toledo seria o “único cargo que o Aécio pediu para o [ex-presidente] Lula”. “Então, você vai conversar com o Dimas e dizer que a gente vai apoiar a indicação dele”, teria pedido o ministro ao lobista.

“Eu fui conversar com o Dimas e, na oportunidade, ele me colocou que, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele falou: ‘Vocês não precisam nem aparecer aqui. Vai ficar 1/3 nacional, 1/3 São Paulo e 1/3 Aécio’”, completou Moura no depoimento. Segundo o lobista, “nacional” referia-se à diretoria nacional do PT e “São Paulo” à executiva estadual do partido. Um terço seria a divisão dos 3% desviados de cada contrato.

Outro lado

Em nota, a assessoria de imprensa do PSDB definiu como “declaração requentada e absurda” a citação a Aécio e uma “velha tentativa de vincular o PSDB aos crimes cometidos no governo petista”.

O partido, segundo a nota, “jamais fez qualquer indicação para o governo do PT”. “O senador Aécio Neves não conhece o lobista, réu confesso de diversos crimes, e tomará todas as providências cabíveis para desmontar mais essa sórdida tentativa de ligar lideranças da oposição aos escândalos investigados pela Operação Lava Jato”, encerra a nota.

Repasse da Repar

Ainda no depoimento desta quarta-feira, Moura afirmou que 3% dos valores dos contratos firmados na diretoria de Serviços da Petrobras durante a gestão de Renato Duque eram divididas em partes iguais pelo grupo petista de José Dirceu, em São Paulo, para o PT Nacional, inicialmente comandado por Delúbio Soares e depois por demais tesoureiros, e por Duque e seus subordinados.

Questionado se teria repassado propinas pessoalmente a Dirceu, Moura afirmou que os repasses eram feitos pelo lobista Milton Pascowitch. Ele relatou que, em 2004, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira teria pedido a Moura que pegasse dinheiro com o lobista Júlio Camargo e que a verba “expressamente destinada a José Dirceu”. O juiz Sergio Moro perguntou, então, a qual obra estava relacionada a propina, e Moura respondeu: “Era relacionada a obras da Camargo Correa. Se não me falha a memória, na Repar”, disse, em referência a obra em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.

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