Em depoimento à Justiça Federal na tarde desta quarta-feira (3), o delator da Lava Jato Fernando Horneaux de Moura afirmou ao juiz Sergio Moro que mudou a versão dada em acordo de colaboração premiada porque se sentiu ameaçado. Moura, apontado como lobista ligado ao ex-ministro José Dirceu, foi convocado a prestar novo depoimento depois que admitiu ao Ministério Público Federal (MPF) que mentiu para Moro em uma oitiva realizada no dia 22 de janeiro.
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O lobista afirmou que, um dia antes do depoimento à Justiça, foi abordado por um estranho na rua que o perguntou sobre os seus netos. “Eu tive, no meu modo de entender, uma ameaça velada com relação à minha família”, declarou Moura, que disse ter mudado a versão do depoimento entre o MPF e a Justiça sem conhecimento de seus advogados ou da família. “Eu estava nervoso, sabia que tinha o depoimento, sabia que eu ia me desestabilizar”, disse.
Durante o relato da ameaça, o lobista destacou ainda que não poderia sair da cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, por conta dos termos do acordo de colaboração. Moro, então, retrucou o delator afirmando que, enquanto o réu não é sentenciado, está livre. “O senhor está mal informado. O senhor foi colocado em liberdade e suas restrições ainda não foram impostas. Só serão depois da sentença”, disse Moro.
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Durante o depoimento desta quarta, Moura reafirmou os termos da delação premiada, em que aponta que José Dirceu indicou que ele saísse do país em 2005, durante apuração do caso mensalão, até que “a poeira baixasse”. Outros pontos da delação foram questionados por Moro. “O que é verdade do termo de colaboração?”, perguntou o juiz, que se manteve rígido durante toda a oitiva. “Tudo”, respondeu o lobista.
Delação em xeque
O MPF instaurou um Procedimento de Apuração de Violação de Acordo de Colaboração Premiada que pode resultar até na anulação do acordo. “A gente instaurou um procedimento formal para dar a ele o direito de se defender da quebra do acordo. Ou seja, ele está tendo a oportunidade de explicar porque mentiu”, declarou o procurador Paulo Galvão, do MPF. “O que ele contou ainda precisa ser comprovado”, disse Galvão sobre o relato da suposta ameaça.
Ainda no depoimento desta quarta, o lobista pediu desculpas ao juiz federal Sergio Moro, relatando que se comportou de forma inadequada na audiência do dia 22. “Sou uma pessoa educada e a forma com que eu conduzi o depoimento foi desrespeitosa e jocosa”, disse. Ao final da oitiva, Moro destacou que o relato da mentira na audiência o prejudica como delator. “Sua credibilidade fica bastante abalada com essas idas e vindas”, destacou.
Após a audiência, o advogado de Dirceu, Roberto Podval, declarou que os depoimentos de delações premiadas ligados ao seu cliente devem ser observados com cuidado pela Justiça. “Se pegar todas as delações do nosso caso, nada bate com nada, cada um tem uma versão. Delação é um instrumento que pode ser usado, mas deve haver cautela sobre a valoração dele.O que fica claro é que ele [Fernando Moura] mentiu. As razões que o levaram a mentir não estão esclarecidas. Essa coisa da ameaça é pífia, é ridícula”, disse.
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