Em seu depoimento na Justiça Federal, nesta quinta-feira (16), o consultor Julio Camargo também cita um encontro que teria tido com o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão por intermédio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Camargo relata que procurou o então ministro porque estava preocupado com requerimentos enviados em julho de 2011 pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados ao Ministério de Minas e Energia.
Delator da Lava Jato diz que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões
Júlio Camargo fez a declaração ao juiz Sergio Moro que presidente da Câmara pediu pessoalmente
Leia a matéria completaSegundo ele, os requerimentos da Câmara solicitavam informações sobre os contratos de navios-sonda assinados entre 2006 e 2007 entre o Grupo Mitsui e a Petrobras, além do encaminhamento dos dados ao Tribunal de Contas da União (TCU). A solicitação pedia ainda uma avaliação da performance de Camargo como representante da coreana Samsung Heavey Industries em parceria com os japoneses do Mitsui.
Camargo afirma no depoimento que os requerimentos seriam formas de pressão usadas pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje presidente da Câmara, para forçar o consultor a fazer o pagamento de propinas.
Reunião
Camargo disse ter procurado Paulo Roberto Costa, que intermediou um encontro com o então ministro Lobão. “A reação dele [do ministro] foi: ‘isso é coisa do Eduardo [Cunha]’”, relata Camargo no depoimento. Ainda segundo o consultor, durante o encontro, Lobão telefonou para Cunha e perguntou: “Você está louco?”. Conforme relata Camargo, na mesma ligação, o ex-ministro pediu que Cunha o procurasse em seu gabinete no dia seguinte. O consultor não detalha, porém, a ocasião do encontro.
Depois da conversa por telefone com o deputado, Lobão teria perguntado a Camargo se haveria problema em disponibilizar as informações solicitadas pela Câmara e o consultor respondeu que não havia “nada de errado” com os contratos. Na saída do encontro, o ex-ministro teria prometido, então, que “aceleraria o trâmite do processo para que o problema fosse resolvido”.
Procurado, o advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que se nega a comentar as declarações dadas em delações premiadas nos processo da Lava Jato, já que tem a convicção que todas as colaborações acabarão sendo anuladas posteriormente na Justiça. Já Eduardo Cunha negou a acusação feita no depoimento e afirmou que o delator é um “mentiroso”.
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