Gleisi nega a acusação e diz que os depoimentos de Youssef e Costa têm divergências.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos delatores da Lava Jato, voltaram a falar no pagamento de propina da Odebrecht para a campanha de 2010 da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O tema voltou à tona durante a acareação entre os dois delatores realizada na segunda-feira (22) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

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De acordo com o advogado Tracy Reinaldet, que defende Youssef, ambos os delatores mantiveram suas versões sobre a entrega de R$ 1 milhão para a campanha da senadora. “Há uma divergência, ela não é sintomática na opinião da defesa do Alberto Youssef e também não o é na opinião da defesa do Paulo Roberto Costa. É um fato acessório que não altera qualquer questão relevante juridicamente para fins de tipificação”, disse Reinaldet. O ponto de divergência seria em relação a quem teria efetuado a entrega do dinheiro. O recurso teria sido pedido pelo ex-ministro das Comunicações e marido de Gleisi, Paulo Bernardo.

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Inquérito

Nesta terça-feira (23) também foi revelado que, em depoimento à Polícia Federal (PF) em 18 de maio, o presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, negou ter feito o repasse a pedido de Paulo Bernardo. Odebrecht depôs à PF, em Brasília, no inquérito que investiga uma suposta doação de R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi. Odebrecht afirmou que não se lembra de ter recebido Paulo Bernardo para pedir doação de campanha – contrariando a versão de Paulo Roberto Costa.

Ele também declarou que não mantinha qualquer relação pessoal com Gleisi e que não se encontrou com ela para discutir repasses de campanha. Segundo o empreiteiro, empresas do grupo Odebrecht não fizeram doações à paranaense na campanha de 2010, mas ao diretório nacional do PT. O executivo disse que essa instância partidária poderia ter feito repasses à então candidata.

No depoimento, Marcelo Odebrecht também buscou distanciar-se de Costa. O presidente da empreiteira disse que a relação que manteve com Costa foi limitada ao Conselho de Administração da Braskem, na qual o então diretor de Abastecimento da Petrobras havia sido nomeado pela estatal (sócia da Odebrecht na Braskem).

Outro lado

À reportagem da Gazeta do Povo, a senadora Gleisi Hoffmann, que nega ter recebido recursos ilegais de campanha, comentou as divergências nas delações de Costa e Youssef, questionando o fato de nenhum dos dois esclarecer quem deu a ordem para a suposta entrega de dinheiro. “O Paulo Roberto Costa diz que autorizou dar R$ 1 milhão a pedido de Youssef. O Alberto Youssef diz que deu R$ 1 milhão a minha campanha a mando do Paulo Roberto”, disse a senadora. “Eles têm que dizer quem pediu pra quem e quem mandou entregar”, afirmou. “Estou sendo envolvida numa situação em que ninguém assume que mandou fazer [a entrega]”.

O ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, também negou que tenha pedido R$ 1 milhão para a campanha de sua mulher, em 2010.

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