O deputado federal eleito pelo Paraná Nelson Meurer recebia até R$ 500 mil por mês de propinas por contratos com a Petrobras, segundo o doleiro Alberto Youssef. A informação consta no pedido de abertura de inquérito contra o paranaense feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot e aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki nesta sexta-feira (6).
Em depoimento em regime de delação premiada o doleiro Alberto Youssef afirmou que, além de Meurer, os deputados do PP Mário Negromonte, João Pizzolatti e Pedro Correia também recebiam recursos da Petrobras. Segundo o doleiro, os parlamentares recebiam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por mês, enquanto os demais políticos recebiam entre R$ 30 mil e R$ 150 mil mensais, conforme sua força política dentro do partido. Entre os deputados federais que também recebiam recursos está o paranaense Dilceu Sperafico (PP).
De acordo com o depoimento de Youssef, eram movimentados em média cerca de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões por mês em propina para o PP. O doleiro contou à Polícia Federal (PF) como operacionalizava o pagamento aos agentes políticos. “Valores de até cerca de R$ 500 mil eram levados em espécie no corpo do declarante [Youssef] ou das pessoas que prestavam serviços a sua pessoa”, diz um trecho da petição de Janot. Para quantias maiores eram fretadas aeronaves, segundo o depoimento de Youssef.
Em um caderno de anotações encontrados na casa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também há indicação de pagamentos para Meurer. Segundo as anotações de Costa, o deputado recebeu em 2010 R$ 4 milhões em propina por contratos da Petrobras. O dinheiro foi entregue em um hotel de Curitiba e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região metropolitana da capital paranaense.
A petição de Janot que cita os paranaenses Nelson Meurer e Dilceu Sperafico pede a abertura de inquérito para investigar 39 pessoas com envolvimento nos desvios de recursos da Petrobras. Entre elas estão o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Soares e o tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ao todo, 49 envolvidos na Lava Jato serão investigados pelo STF. A lista foi entregue pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot na terça-feira (3) e os pedidos foram aceitos pelo ministro do STF Teori Zavascki nesta sexta-feira (6).
Outro lado
O deputado Dilceu Sperafico (PP) nega que tenha recebido repasses por contratos com a Petrobras. “Nunca recebi nada de ninguém”, disse. O parlamentar afirmou que, se os líderes do partido afirmavam que repassavam parte dos valores a ele, estão enganados. “Engano deles. Alguém vai ter que provar [que eu recebi]”, disse Sperafico.javascript:void(0)
A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o deputado Nelson Meurer (PP), mas ele não foi localizado para comentar as denúncias.
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