O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) estaria disposto relatar aos investigadores da Operação Lava Jato, em seu acordo de delação premiada, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria feito negociações em 2006 envolvendo a CPI dos Correios, que investigou o mensalão – o esquema de compra de apoio no Congresso durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (10) na coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Delcídio negocia um acordo de delação premiada após ter sido preso e acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato.
A Folha de S.Paulo não deu mais detalhes de que tipo de revelações Delcídio, que foi presidente da CPI, estaria disposto a fazer. A informação, porém, confirma reportagem do jornal O Globo, publicada na quarta-feira (9), de que a citação ao tucano estaria relacionada a uma CPI – a publicação não informou qual seria.
À jornalista Mônica Bergamo, a assessoria de Aécio emitiu nota negando que o tucano tenha tratado de assuntos relacionados à CPI com Delcídio, inclusive porque ele nem exercia mandato no Congresso na ocasião. Aécio era governador de Minas Gerais na época. Mas, apesar de ser de um partido de oposição a Lula, o tucano manteve relações próximas com o Planalto durante boa parte da gestão do petista na Presidência.
Na quarta-feira, nas redes sociais, Aécio havia divulgado um vídeo no qual rebate a citação de seu nome na delação de Delcídio. Ele lembrou de outros processos contra ele que foram arquivados durante a Operação Lava Jato, e aproveitou para criticar o PT e os partidos da base aliada ao governo. “Nós estamos assistindo hoje, mais uma vez, a tentativa de associar a oposição, e, claro, sempre meu nome, à Operação Lava Jato. Outras tentativas, vocês lembram, já ocorreram e foram arquivadas, porque foram desmascaradas, porque eram falsas. Este escândalo tem DNA, e é do PT e de seus aliados.” Aécio também manifestou apoio à Lava Jato, e afirmou que o depoimento de Delcídio o incentiva a intensificar sua postura de oposição ao governo Dilma.