Construção da usina de Belo Monte teria abastecido campanhas em 2010 e 2014.| Foto: Divulgação/Norte Energia

Reportagem publicada pela revista “IstoÉ” afirma que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) delatou um esquema de desvios de R$ 45 milhões da usina de Belo Monte para irrigar as campanhas eleitorais do PT e do PMDB em 2010 e 2014.

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Nas duas disputas, ambos os partidos estavam coligados na campanha de Dilma Rousseff. As informações foram publicadas no site da revista na noite desta sexta-feira (11).

Delcídio ficou preso entre novembro e fevereiro em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. Solto, ele negocia acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

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De acordo com a revista, Delcídio contou que o esquema na usina foi montado pelos ex-ministros Erenice Guerra, Antônio Palocci e Silas Rondeau, grupo classificado pelo petista de “triunvirato”.

Os dois primeiros tiveram papel “fundamental”, teria dito o senador às autoridades.

A reportagem confirmou com investigadores que tiveram acesso à delação de Delcídio que realmente houve citações a Erenice, Palocci e Silas.

A operação de desvios em Belo Monte teria começado em 2010, ocasião de escolha do consórcio das obras da usina, e continuou, relata a “IstoÉ”, até o início de 2015.

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O desvio de dinheiro, de acordo com o senador, veio de obras e compras de equipamentos, por meio de superfaturamentos.

Segundo informação atribuída a Delcídio, o esquema começou três dias antes do leilão que decidiu qual consórcio comandaria as obras. Empresas que não participaram da disputa viraram sócias do projeto como prestadoras de serviço. O petista disse que as propinas aumentavam no período eleitoral.

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O senador, segundo a reportagem, ainda mencionou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. Segundo a revista, Delcídio afirmou ter recebido uma proposta do ministro para quitar uma dívida de R$ 1 milhão de sua campanha eleitoral de 2014, quando disputou o governo do Mato Grosso do Sul. A reportagem confirmou que o ministro foi mesmo citado.

O ministro, de acordo com Delcídio, sugeriu “esquentar” dinheiro do laboratório EMS por meio de Zilmar Fernandes, ex-sócia de Duda Mendonça, e da FSB Comunicações -entretanto, os pagamentos não foram feitos, mas a EMS pagou imposto sobre as transações, disse o petista, de acordo com a revista.

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Outros lados

Edinho Silva, que foi o tesoureiro do comitê petista na última eleição, chamou de “mentira escandalosa” a afirmação de Delcídio.

“Jamais mantive esse diálogo com o senador, jamais mantive sequer contato com as mencionadas empresas, antes ou durante a campanha eleitoral. Isso é facilmente comprovado. As doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 estão todas declaradas ao TSE, bem como os fornecedores. As contas da campanha eleitoral foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE”, afirmou.

A defesa da ex-ministra Erenice Guerra, feita pelo advogado Mário de Oliveira Filho, informou que não poderia comentar por não ter tido acesso à colaboração e disse achar “estranho” que a imprensa tenha acesso a isso antes da defesa.

O advogado do ex-ministro Antônio Palocci, José Roberto Batochio, afirmou que as acusações “não têm o menor cabimento porque Palocci nunca teve qualquer envolvimento com Belo Monte” e sustentou que ele “nega veementemente” as informações.

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A FSB Comunicação negou, em nota enviada à imprensa, recebimento de recursos da EMS, “empresa que jamais foi cliente da agência”, e disse que está processando o diretório do PT no Mato Grosso do Sul para receber valores devidos por serviços prestados na campanha de 2014.