Integrante da força-tarefa da Polícia Federal que investiga a Lava Jato, Erika Marena afirma que o fatiamento pode levar à dispersão de provas importantes| Foto: RODOLFO BUHRER/REUTERS

A delegada da Polícia Federal Erika Marena disse nessa quinta-feira (24) que foi um erro a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em desmembrar parte da investigação da Operação Lava Jato para outro estado. A delegada disse que a eficiência da operação decorre justamente da integração entre PF, Ministério Público Federal (MPF) e Justiça Federal (JF), onde a 13ª Vara de Justiça do Paraná atua com designação exclusiva para o caso.

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“Trata-se do mesmo grupo criminoso, organizado para comprar apoio político-partidário, tendo usado não apenas contratos da Petrobras, mas de outros órgãos”, disse Erika. “A divisão poderia impedir que provas colhidas num caso sejam analisadas a luz de todo o conjunto investigado”, completou.

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Para a investigadora, o fatiamento pode levar a dispersão de provas importantes. Nessa quarta-feira (23) o STF decidiu ‘fatiar” um dos desdobramentos da Lava Jato, no qual foram encontrados indícios de participação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em fraude no Ministério do Planejamento. Com isso, o caso será formalmente separado das investigações do esquema de corrupção na Petrobras e os envolvidos que não possuem prerrogativa de foro serão investigados e processados em São Paulo.

A decisão abre uma brecha para que a condução pelo juiz federal Sergio Moro de casos que não tenham conexão com a Petrobras seja questionada. Seria o caso, por exemplo, da ação judicial envolvendo os desvios na Eletronuclear na construção de Angra 3. A ação que trata de desvios na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde através de contratos de publicidade, na qual o deputado federal André Vargas foi condenado nessa terça-feira (22), também pode ser questionada.

As investigações referentes à ação política em Fundos de Pensão e aos empréstimos no exterior obtidos por empreiteiras no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também podem ser remetidas a outros estados.

“Mais do que apenas considerando as facilidades logísticas de investigações que temos aqui, o fatiamento é equivocado porque investigamos um mesmo grupo criminoso, no qual há vários personagens, operadores diversos agindo em órgãos federais diversos, mas sendo a vantagem ilícita sempre canalizada para o mesmo fim – o apoio político-partidário e a vantagem econômica pessoal para aqueles do topo da cadeia”, disse Erika.