O Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Paraná e a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal no Paraná desmentiram a versão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a devolução de R$ 3 milhões pela Superintendência da PF no Paraná. O juiz Sergio Moro teve que autorizar o uso de R$ 172 mil recuperados pela Justiça para pagar contas de luz e consertos de carro.
“Contrariamente ao que foi divulgado pelo ministro da Justiça, não ocorreu a devolução de tal montante e a aceitação dos valores repassados pela Justiça Federal deu-se em face da real necessidade por parte da Polícia Federal no Paraná, vez que o não pagamento das despesas vencidas poderia acarretar prejuízos irreparáveis”, diz a nota assinada pelo presidente do Sindicato, Algacir Mikalovski e por Jorge Luiz Fayd Nazário, diretor da associação.
Os dois declaram apoio ao superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, criticando Cardozo por atribuir o fato, segundo eles, a “uma eventual má gestão”. O documento repudia “qualquer ato falacioso que vise denigri-lo ou a qualquer integrante da Polícia Federal”.
No despacho em que liberou os recursos para a PF do Paraná, Moro disse que as investigações não poderiam ser “interrompidas por falta de dinheiro para despesas básicas”. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no entanto, disse que pode ter havido um “contingenciamento normal”, mas negou que tenha havido falta de verba. “Não faltou verba nenhuma. Tanto que a Superintendência do Paraná devolveu R$ 3 milhões no final do ano passado”, afirmou Cardozo.
Cardozo cobrou explicações à PF. “Se devolveram R$ 3 milhões e pediram para usar uma outra sobra, não é porque estava faltando dinheiro. Ou então há um problema de gestão. Eu quero entender o que está acontecendo”, disse”. “Agora, não me venham dizer que não havia dinheiro para pagar a conta de luz e nem que a Polícia Federal está sendo sucateada”.
MANIFESTO CONTRA “DESMONTE DA PF”
Associações ligadas a Polícia Federal divulgaram nota pública contra a redução do orçamento da corporação previsto para 2016. O documento foi aprovado em assembleias da categoria na quarta-feira afirma que a instituição passa por uma “redução dos investimentos” há anos e “sistematicamente” convive com a carência sistemática de recursos para a manutenção das atividades rotineiras.
“Não são poucos os casos de suspensão ou cancelamento de contratos de prestação de serviços básicos, como aluguel das Delegacias, fornecimento de energia e, até mesmo, abastecimento de água em nossas unidades. Isso sem falar na suspensão, redução ou cancelamento de grandes projetos estruturantes fundamentais para a Segurança Pública e proteção das fronteiras nacionais”, afirma a nota.
O documento diz que, apesar da crise econômica, “não é possível concordar com os cortes e contingenciamentos” impostos à Polícia Federal. Eles defendem a manutenção de recursos dizendo que “as grandes operações” de combate à corrupção permitiram a recuperação de elevadas somas desviadas dos cofres públicos: “Somente com a Operação Lava Jato mais de R$ 2,5 bilhões já foram recuperados, enquanto se estima que por meio da Operação Zelotes mais de 25 bilhões de reais deixaram de ser desviados pela corrupção”.
“Diante desse cenário, os delegados de Polícia Federal se veem obrigados a levar à sociedade o sentimento de que pode estar em curso o que já se denomina “OPERAÇÃO DESMONTE DA POLÍCIA FEDERAL”, para que todos os brasileiros permaneçam atentos e se engajem na defesa da instituição mais bem avaliada do país”, conclui a nota.
O Ministério da Justiça divulgou nota afirmando que já solicitou ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a reposição no orçamento, para que não ocorra nenhum prejuízo às operações e projetos de melhoria e desenvolvimento da PF.
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