O depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques de Souza ontem à CPMI do Cachoeira, feito em sessão secreta, pode complicar a situação do procurador-geral, Roberto Gurgel. Souza disse que uma investigação da Polícia Federal que indicou o envolvimento de políticos com o grupo comandado por Carlinhos Cachoeira ficou paralisada após ser encaminhada à Procuradoria-Geral da República. Não foi feita nenhuma diligência, investigação, após a entrega dos autos, disse ele.
Souza participou da fase final da Operação Vegas, que originou outra operação sobre Cachoeira, a Monte Carlo. Por isso, ele foi o primeiro a ser ouvido pela comissão que investiga as relações de Cachoeira com o jogo ilegal e a corrupção de agentes públicos e privados.
O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) afirmou que o depoimento do delegado "oficializa" o envolvimento do senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO) e dos deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) com a organização de Carlos Cachoeira. "Estou certo que o senador é o principal braço politico da organização", afirmou.
A CPMI ouve hoje o depoimento do delegado Matheus Rodrigues e dos procuradores Léa Batista de Oliveira e Daniel de Rezende Salgado, que estão à frente da operação Monte Carlo. Os depoimentos também serão secretos.
Segredo
Souza só começou a depor aos parlamentares após breve intervalo para retirada das pessoas não autorizadas. De acordo com parlamentares que integram a CPMI, a escolha por um depoimento em reunião fechada foi feita para não atrapalhar as investigações.
Alguns deputados e senadores, no entanto, se manifestaram contra a decisão. Eles também são contrários ao sigilo dos documentos, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O PSDB chegou a apresentar uma questão de ordem para que o STF acabe com o segredo das informações. Segundo senador Alvaro Dias (PR), líder dos tucanos na Câmara, o PSDB pode entrar com um mandato de segurança no Supremo cobrando essa atitude.
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