Em pouco mais de três horas de depoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, não sustentou, de forma clara, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem equipamentos capazes de fazer escutas telefônicas.
Ele disse que essa informação lhe foi passada por fontes do Exército, mas ainda precisa ser comprovada por laudos técnicos. Jobim entregou à CPI apenas descrições dos equipamentos, retiradas de páginas da internet, sendo que em uma delas há alusão à capacidade de interceptações.
A postura cautelosa de Jobim, entretanto, foi interpretada de outra forma pelo presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ).
"Tenho certeza de que o ministro está convicto de que a Abin possui equipamentos de interceptação. O ministro Jobim tem muitos anos de janela e sabe o que está dizendo. Eu não tenho a menor dúvida de que ele vai comprovar, porque as perícias dirão", afirmou Itagiba.
A CPI encaminhou ao ministro um requerimento de informações solicitando uma listagem de todos os equipamentos comprados pelo Exército nos Estados Unidos, a pedido da Abin.
Os aparelhos, segundo Itagiba, serão periciados por uma equipe de especialistas da Unicamp contratados pela CPI.
Há a possibilidade também de um novo depoimento do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Felix, a quem a Abin está subordinada.