A deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ) afirmou na manhã desta quinta-feira (19), em entrevista coletiva no Rio, que integrantes da Polícia Federal estariam manipulando e divulgando informações de sigilo judicial referentes à Operação Furacão, que é acompanhada pelo Supremo Tribunal Federal. A intenção, segundo a deputada, seria prejudicá-la.
Segundo informações de integrantes da Polícia Federal, Maggessi teria recebido, por meio de caixa dois (recursos não declarados), verba do bicheiro Aílton Guimarães, conhecido como Capitão Guimarães, presidente da Liesa - a Liga Independente das Escolas de Samba.
Sem citar nomes, a parlamentar disse que desconfia que policiais federais e parlamentares estariam envolvidos nesta manipulação de informações contra ela. No entanto, Magessi disse que não sabe qual o motivo do susposto complô.
"Eu gostaria de saber quem passa estas informações para a imprensa, já que as gravações feitas pelos grampos são de sigilo absoluto da Justiça. (A PF) Fica soltando informações, hora para um jornal, hora para outro, para ficar molhando o bico da imprensa. Isso é errado", disse, acrescentando:
"Não me importo em não saber quem é que esta divulgando estas informações. Uma hora a pessoa vai aparecer. O que me preocupa é o motivo que levaria estas pessoas a divulgarem informações contra a minha pessoa", disse. Lágrimas
Na coletiva, realizada em seu apartamento, no Leblon, Zona Sul do Rio, Maggessi se emocionou em diversos momentos ao responder as perguntas dos repórteres. Ela voltou a negar o recebimento de qualquer doação de campanha relacionada ao jogo de bicho ou as máquinas de caça-níquel. Contou também que gastou na sua campanha aproximadamente R$ 69 mil, e que toda a quantia foi declarada na prestação de contas feitas ao TSE.
"Minha campanha foi paupérrima. Se tivesse usado dinheiro do jogo do bicho, teria ultrapassado mais de 100 mil votos. Nunca defendi o jogo de bicho ou qualquer outro jogo ilegal. Não tem lógica que eles me apoiassem", disse.
Vazamento de informação
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso determinou a imediata abertura de um inquérito policial para apurar o vazamento de informações sobre a Operação Furação, em que 25 pessoas foram presas. Peluso é relator do inquérito que investiga um esquema de exploração de jogo ilegal, corrupção e venda de decisões judiciais a donos de casas de bingos e máquinas caça-níqueis.
A investigação será feita pela Polícia Federal. No despacho, o ministro ressaltou que foi com surpresa que, depois de ter autorizado o acesso dos advogados dos envolvidos ao inquérito, viu notícias na imprensa com trechos de gravações telefônicas.
Corregedoria abre sindicância contra deputada
A Corregedoria Geral Unificada (CGU), das polícias civil e militar, abriu sindicância interna contra a deputada Marina Maggessi e outros três policiais citados em relatório da Operação Furacão, da Polícia Federal (PF).
Segundo a Corregedora da Polícia Civil, Ivanete Araújo, quatro dos cinco policiais acusados de envolvimento na rede de corrupção montada pelos contraventores presos no último dia 13 já foram identificados. São eles Marcos Antonio dos Santos Bretãs, já preso, e os inspetores de polícia Fernando Salsicha e Cláudio Augusto Reis de Almeida.
A CGU agora aguarda que a PF envie documentos que possam ajudar na apuração das acusações. De acordo com o corregedor Marcelo Fernandes, a punição depende da gravidade da irregularidade cometida e pode ser desde suspensão disciplinar a demissão.
"Vão ser produzidas provas e se comprovada a transgressão grave, como o recebimento de propinas, eles podem ser demitidos", explicou Fernandes.
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