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O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse na manhã desta quinta-feira que a operação Hurricane, que já prendeu 25 pessoas, terá prosseguimento. Tarso afirmou não saber detalhes das próximas investigações, mas disse que não se surpreenderia se elas incluírem o Congresso Nacional. No inquérito que deu origem à operação, os agentes da Polícia Federal revelam que a máfia dos caça-níqueis vinha se aproximando de parlamentares para tentar aprovar projetos de interesse do grupo, entre eles a legalização dos bingos no país.

- Não tenho essa informação ainda, mas não me surpreenderia porque isso (investigação de parlamentares) já ocorreu em outras oportunidades. Aliás, procuro não ter informações dos inquéritos que tenham qualquer tipo de conotação política - afirmou.

Procurador fez alerta em inquérito

Uma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal "O Globo" informa que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmara num de seus despachos, no inquérito que deu origem à operação, que a organização de bicheiros presos pela PF tentava estender a rede de influência do grupo até o Congresso. O procurador fez a denúncia com base num longo relatório do serviço de inteligência da PF sobre uma suposta rede de corrupção montada pelos bicheiros no Judiciário e nas polícias Civil e Federal, no Rio de Janeiro.

"Noticia a autoridade policial, como fato relevante do período, que os integrantes da organização vêm se movimentando para obter, no Congresso Nacional, a aprovação de medidas que permitam a continuidade da exploração dos jogos de azar. Foram constatadas tentativas de aproximação com parlamentares (senador e deputado federal)", informou o procurador, em parecer enviado ao ministro do STF Cezar Peluso, relator do caso. Para Souza, a PF deveria aprofundar as investigações sobre o braço parlamentar dos bicheiros numa outra etapa da Hurricane.

Deputado participou de reunião com bicheiros

Em relatório reservado, o serviço de inteligência da PF registra contatos de integrantes da organização com parlamentares. Num determinado trecho, a polícia informa que o deputado Simão Sessim (PP-RJ) até participou de uma reunião da cúpula do jogo, na casa de Anizio Abrahão, que é seu primo.

A PF informa também que o bicheiro Ailton Guimarães, o Capitão Guimarães, fez doações de dinheiro à campanha eleitoral da deputada Marina Maggessi (PPS-RJ). Os pagamentos seriam intermediados pelos policiais civis identificados como Marcos Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, e Fernando Salsicha.

A PF mostra ainda que, num determinado momento de dificuldades da organização, o desembargador Ernesto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, diz a um amigo que vai pedir ajuda ao senador Romeu Tuma (DEM-SP) e ao diretor da Interpol, delegado Alberto Lasserre.

Dória queria confirmar se estava sendo investigado

Dória estava interessado em confirmar se, de fato, estava sob investigação da PF. Tuma é ex-diretor da corporação. O desembargador faz a referência a Tuma numa conversa com o advogado Jaime Dias, em 14 de setembro do ano passado. "Eu quero que você marque essa semana que vem, com calma, que o Tuma está aqui no Rio e eu queria que você conhecesse (...) Vai ter o evento da Interpol e na terça-feira ele está no Rio", pede o desembargador. Em seguida, pede para o amigo guardar segredo. "Você jamais bote na cabeça que eu tentei armar, jamais faria uma coisa dessas, eu quero ficar cego das duas vistas", acrescenta.

O desembargador tentou até se aproximar de auxiliares do governador do Rio, Sérgio Cabral. Segundo a PF, Dória "ofereceu vantagem indevida a pessoa identificada como coronel Cláudio, assessor do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, para que o mesmo interceda na liberação de verbas para o pagamento de precatório, cuja pessoa beneficiada seria sua esposa", diz a PF.

Em nenhum momento, entretanto, a Polícia Federal faz referência a participação ou resposta aos supostos pedidos que teriam sido feitos por Dória ao senador Romeu Tuma, ao delegado Lasserre ou ao coronel Cláudio. Portanto, eles não estão sob investigação. Procurado, o senador Tuma não foi encontrado para comentar o assunto.

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