Cobra Repórter mudou de lado: “jogo extremamente pesado”.| Foto: /

Em meio à tentativa do governo do estado de aprovar uma reforma na Paranaprevidência desde fevereiro, um segundo deputado da base aliada acusou o Executivo de condicionar a liberação de recursos e obras ao voto favorável a esse e a outros projetos. Em uma gravação que circula nas redes sociais, Cobra Repórter (PSC) afirma que, caso vote com a oposição, não conseguirá “nem um papel de bala” do governador Beto Richa (PSDB).

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Oposição denuncia “abusos” a órgãos nacionais e internacionais

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Tadeu Veneri (PT) enviou uma representação a órgãos nacionais e internacionais contra o governador Beto Richa (PSDB) e o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini. No documento, o petista acusa os dois de violação de direitos fundamentais e uso desproporcional das forças de segurança do estado.

Nas onze páginas da denúncia, Veneri cita o “cenário de guerra que se instalou no Centro Cívico” desde que milhares de policiais foram descolados para cercar o prédio da Assembleia, a partir do último sábado (25). Ele menciona “abusos” cometidos na madrugada e manhã desta terça-feira (28), quando os servidores entraram em confronto com a PM. Segundo ele, os manifestantes estão sofrendo “inúmeras formas de pressão psicológica, moral e físicas”.

“O direito de manifestação, o direito de ir, vir e permanecer, a vida e a integridade física das pessoas são direitos constitucionais, que devem ser garantidos pelo poder público”, criticou o petista.

A representação foi encaminhada ao Ministério Público Estadual, Ordem dos Advogados do Brasil nacional e estadual, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A esses órgãos, Veneri pede que tomem as medidas necessárias para apurar os supostos abusos e garantir as responsabilidades devidas na defesa do Estado Democrático de Direito.

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Questionado pelo Jornal de Londrina no último domingo (26), o parlamentar havia dito que votaria contra a proposta por entender que o governo do estado estava descumprindo um acordo com os professores de que não mexeria na previdência estadual. Na segunda-feira (27), porém, Cobra foi um dos 31 deputados a se posicionar a favor da matéria, na primeira votação do projeto.

Procurado pela reportagem, o parlamentar do PSC disse que estava em uma reunião. Já em um áudio divulgado na internet, ele justificou que o jogo é “desigual” e “extremamente pesado” na Assembleia. “Não queira ninguém de vocês estar na minha pele”, afirmou.

Na sequência, citou o caso do colega Tercílio Turini (PPS), que, desde que passou a votar com a oposição, não estaria conseguindo aprovar nenhum projeto de autoria dele na Casa. “Oposição aqui não tem vez de nada, nem de ir ao banheiro. O governo só dá coisas pra quem está na base. [Para] quem está na oposição, ele não dá nada”, disse. “Se eu me posicionar na oposição, esse cara [Richa] não me dá nada. Vou ser um deputado de quatro anos fazendo oba-oba, sem levar nada para a minha região.”

Procurado por telefone, o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra, não foi encontrado para comentar as declarações.

Histórico

Em fevereiro, quando a Assembleia tentou votar a primeira versão do “pacotaço”, Adelino Ribeiro (PSL) afirmou que o secretário da Saúde, Michele Caputo, condicionou a liberação de um ônibus para o transporte de pacientes de um município da base eleitoral do parlamentar ao voto favorável às propostas do governo. Caputo negou as acusações e disse que nem sequer conversou com Ribeiro. Na segunda-feira, Adelino votou contra a mudança na previdência.

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