O Comando da Aeronáutica divulgou nesta quarta-feira a transcrição dos contatos do piloto do avião do Papa Bento XVI com o Cindacta de Recife. A transcrição confirma que não houve falha nos equipamentos, mas na comunicação entre o piloto e o controlador de vôo. Tudo indica que o controlador não entendia o que o piloto falava em inglês. O episódio provocou um bate-boca na CPI do Apagão Aéreo entre governo e oposição e o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) chegou a sugerir que a Aeronáutica ofereça curso de inglês para os controladores.
- Temos que propor urgente que a Aeronáutica matricule os controladores em cursos intensivos de inglês. A transcrição mostra que os controladores em Recife não estavam entendendo nada que o piloto da Alitalia tentava passar - completou Vic Pires.
Segundo a transcrição, depois de nove tentativas do piloto para explicar ao controlador que o Papa desejava mandar a mensagem, o piloto de um avião da TAM interferiu na conversa perguntando se o controlador estava entendendo. O piloto da TAM, no entanto, também não entendeu bem o que o piloto da Alitalia queria. Só na terça-feira a mensagem chegou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado Efraim de Morais Filho (DEM-PB), que havia denunciado que o avião do Papa ficara sem comunicação com o Cindacta de Recife, acusou a Aeronáutica de passar informações falsas às CPI para encobrir as falhas do controle aéreo em Recife.
Por aproximadamente uma hora e meia, os parlamentares discutiram a relevância do episódio, e a reunião terminou sem que fosse votado nenhum dos 39 requerimentos que constavam da pauta. No primeiro embate, no voto, o governo impediu, por 15 votos a 9, a inclusão na pauta de um requerimento de Gustavo Fruet (PSDB-PR) pedindo ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópia das auditorias feitas sobre segurança de vôo e controle do tráfego aéreo, que desaguaria na Infraero, na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Aeronáutica. Por causa do bate-boca, a CPI não votou nenhum requerimento.
Na terça-feira, a CPI da Câmara ouviu seu primeiro depoimento , o do delegado da PF que investigou o acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas no norte do Mato Grosso em setembro. O afastamento de controladores de vôo para que fossem feitas investigações sobre o acidente desencadeou protestos de colegas, dando início ao caos nos aeroportos.
CPI quer sugestões de cidadãos para resolver caos aéreo
Em uma tentativa de ganhar o apoio da sociedade, a CPI vai criar uma "ouvidoria cidadã" . De acordo com a proposta, de autoria do relator Marco Maia (PT-RS), qualquer pessoa poderá enviar, até o dia 31 de maio, sugestões de como resolver a crise aérea para um espaço que a CPI vai disponibilizar no site da Câmara (www.camara.gov.br).
No Senado, em reunião de líderes com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou acertado que o senador Tião Viana (PT-AC) será o presidente da CPI do Apagão Aéreo da Casa e que Demóstenes Torres (DEM-GO) será o relator. A CPI será instalada nesta quinta-feira e será a segunda sobre o tema no Congresso.
Infraero afasta mais funcionários, por recomendação da CGU
Em reunião nesta quarta-feira, o Conselho de Administração da Infraero decidiu afastar mais funcionários da estatal por suspeita de envolvimento em irregularidades, atendendo a determinação da Controladoria Geral da União (CGU), que está investigando vários contratos da estatal que administra os aeroportos brasileiros. A Infraero não informou os nomes dos funcionários nem as irregularidades que teriam cometido, mas promete divulgar uma nota oficial ainda nesta quarta-feira com mais detalhes da decisão do conselho.
Em abril, a Infraero afastou quatro funcionários por suspeita de irregularidade na concessão de área pública no aeroporto de Brasília. No fim daquele mês, a CGU anunciou a instauração de mais uma sindicância contra sete dirigentes da Infraero suspeitos de irregularidades na contratação do programa Advantage V.2, que gerencia a comercialização de espaços publicitários nos aeroportos. A venda dos anúncios estava sendo feita sem licitação.
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