O deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) apresentou durante o seu depoimento nesta quarta-feira (20) um pedido para que os deputados do DEM não participem do julgamento de seu caso no Conselho de Ética. Ele foi expulso do partido e deseja que os dois titulares e os três suplentes da sigla não possam decidir seu futuro.
O pedido de suspensão dos deputados do DEM não foi colocado em votação pelo presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PR-BA). Ele afirmou que a proposta vai contra o regimento.
A sessão do Conselho de Ética foi suspensa devido a votações em plenário. A sequência do depoimento de Moreira foi marcada para a próxima terça-feira (26). Moreira, no entanto, disse que não pretende mais comparecer ao Conselho. Na sessão desta tarde, ele não respondeu nenhuma pergunta.
Moreira ganhou notoriedade por ter sido dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões em Minas Gerais, repassado para o nome do filho. O deputado ainda é investigado por uso irregular de verba indenizatória.
Segundo investigação preliminar da Corregedoria, ele teria usado notas de empresas de segurança de sua propriedade para receber recursos da verba indenizatória e não conseguiu provar a prestação efetiva do serviço. Nesta quinta-feira, está marcado o depoimento de um técnico da Câmara responsável pelo ressarcimento aos deputados dos recursos da verba indenizatória.
Edmar afirma que é perseguido pelo partido, que deseja o seu mandato. "Venho apresentar este requerimento de suspeição dos membros do partido DEM integrantes deste conselho. Estes membros vêm utilizando artifícios cínicos e mentirosos."
Moreira afirma que a perseguição pelo partido decorre do fato de ter sido candidato avulso ao cargo de segundo vice-presidente e corregedor da Câmara. Ele derrotou o candidato oficial do partido, Vic Pires Franco (DEM-PA), mas renunciou à função após as denúncias. O deputado destaca que seu filho Leonardo, que é deputado estadual, também foi "desfiliado" do partido.
O G1 procurou o presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ), e ainda aguarda uma resposta sobre se ele vai se manifestar sobre as declarações de Edmar Moreira.
Durante sua defesa, Moreira já havia feito ataques ao corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), que o sucedeu na função e comandou uma investigação preliminar contra ele.
Afirmou que tanto Neto como Solange Amaral (DEM-RJ), que fazem parte do Conselho, já o condenaram publicamente, assim como o líder do partido, Ronaldo Caiado (DEM-GO). Por isso, Moreira quer o partido fora de seu julgamento.
O deputado ACM Neto disse que as acusações de Moreira são "irrespondíveis." Em março, quando foi instalado o processo contra o deputado, ACM Neto havia dito que a investigação iria se pautar nos documentos apresentados.
A deputada Solange Amaral negou, durante sua participação no Conselho de Ética, que tivesse feito qualquer julgamento antecipado sobre a conduta de Edmar. O deputado Ronaldo Caiado negou que haja perseguição do partido ao ex-filiado e também destacou o fato de a Mesa Diretora ter respaldado o trabalho de investigação da corregedoria.
Durante sua defesa, que durou mais de duas horas, Edmar Moreira afirmou que não havia regras para gastos com verba indenizatória e disse ter provas de que o serviço foi prestado, como contratos e depoimentos. Moreira reclamou também da vinculação de seu nome ao castelo de sua propriedade.
"Foram 90 dias que diuturnamente eu e minha família temos sofrido, e não estou falando com o intuito de comover ninguém. É castelo de manhã, de tarde e de noite, de noite, de tarde e de manhã, e pela primeira vez eu estou tendo a oportunidade de me dirigir à Casa, à imprensa, com a minha versão. Hoje é o dia do contraditório", afirmou o deputado.
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