"O Partido Socialista Brasileiro foi tomado de surpresa com o noticiário da Tragédia do Mossunguê dia 7 de maio de 2009, em Curitiba, causada aparentemente pelo despreparo e irresponsabilidade do deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, ocasionando na morte de dois jovens, motivando revolta e repúdio da sociedade e a condenação da opinião pública, em geral, com repercussão negativa ao PSB, inclusive, em nível nacional."
Trecho da nota oficial do PSB
O deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli (PSB) corre o risco de perder o mandato e ser expulso do partido. À medida que a situação do parlamentar se complica na área criminal, aumenta também o cerco político para afastá-lo da vida pública. A direção estadual do PSB notificou ontem o deputado para que apresente sua defesa no prazo de dez dias por ter violado o código de ética do partido. Na Assembleia Legislativa, há uma movimentação sigilosa para forçar a renúncia de Carli Filho antes da Comissão de Ética começar a analisar o pedido de cassação do mandato.
Em nota oficial divulgada ontem, o PSB atribui a responsabilidade pelo acidente que provocou a morte de dois jovens ao "despreparo e irresponsabilidade do deputado, motivando revolta e repúdio da sociedade e, a condenação da opinião pública, com repercussão negativa ao PSB, inclusive em nível nacional."
O documento foi asssinado pelo presidente estadual do PSB, Severino Araújo, e pelo líder da bancada na Assembleia Legislativa, Reni Pereira. "A tragédia está arranhando a imagem do partido e não podemos ser omissos. O Estatuto prevê punições, desde advertência até expulsão, e vamos decidir como agir após receber a defesa do deputado por escrito", afirmou Severino Araújo.
O processo de cassação do mandato de Carli Filho também vai começar a ser analisado na próxima semana. A Mesa Executiva da Assembleia Legislativa, o Conselho de Ética e a Corregedoria da Casa se reúnem na segunda-feira para decidir o que fazer.
O pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar foi protocolado na quarta-feira pelo advogado Elias Mattar Assad, que representa Gilmar e Cristhiane Yared, pais de Gilmar Rafael Souza Yared, um dos jovens que morreu no acidente.
O argumento do advogado é que a Constituição Estadual e o Regimento Interno da Assembleia exigem dos parlamentares conduta exemplar, mas Carli Filho, segundo Assad, violou as leis de trânsito e dirigia com a carteira de habilitação vencida.
É a primeira vez que a Assembleia Legislativa analisa um pedido de cassação e há dúvidas sobre procedimentos e prazos. O presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), anunciou na quarta-feira que o primeiro passo seria notificar o deputado Ribas Carli para apresentar sua defesa e que o caso seria tratado inicialmente pela Corregedoria. Mas houve mudança nos planos. Nenhum documento ainda foi enviado para o deputado e agora, o processo deve ser encaminhado diretamente à comissão de ética porque a corregedoria só trata de questões referentes ao exercício parlamentar.
Segundo o presidente da comissão, Pedro Ivo Ilkiv (PT), não há como estabelecer um prazo para que Carli Filho apresente as explicações sobre o caso e para a conclusão da investigação. "Vai depender do estado de saúde do deputado", afirmou.
A pressão popular, no entanto, pode dar outro rumo ao caso. Os parlamentares estão recebendo centenas de e-mails e pedidos para que se posicionem a favor da cassação de Carli Filho.
Ninguém quer falar abertamente em renúncia de mandato, mas todos os deputados entrevistados pela Gazeta do Povo defendem que seria a melhor saída para "proteger a Assembleia" de um desgaste político e evitar a votação do pedido de cassação do mandato de Carli Filho no plenário. "De cada 10 deputados, 9 acham que ele tem que renunciar. Não sabemos se o fato do Carli não ter carteira para dirigir é quebra de decoro ou não, mas ele está sendo julgado pela gravidade do acidente e pelo comportamento que teve antes do acidente", disse um deputado do PMDB, que tem forte liderança na Casa.
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