Princípios do LabHack: suporte tecnológico, democracia direta, aperfeiçoamento da representação, educação política e econômica, entre outros.| Foto: Divulgação / LabHack

Criar canais de expressão a partir de novas tecnologias é um dos desafios para democratizar a participação política, principalmente dos jovens. Em 2014 a Câmara dos Deputados criou o Laboratório Hacker, para estimular a democracia participativa e promover ações colaborativas para aprimorar a transparência legislativa. O LabHacker é um espaço aberto para programadores e desenvolvedores de informática, que podem usar dados públicos para ações de cidadania. Os cidadãos podem participar de debates e apresentar sugestões aos deputados federais por meio do portal e-democracia. A iniciativa chamou atenção do deputado estadual Guto Silva (PSC), que quer aproveitar a ideia para fazer algo semelhante no Paraná. A Gazeta do Povo conversou com o parlamentar sobre o tema.

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O senhor tem uma agenda com o pessoal do Labhacker do Congresso Nacional. Qual a ideia com isso?

Nós vamos lá conhecer o modelo. Aqui já estamos provocando a Assembleia Legislativa, para junto com o Sebrae e outras entidades promovermos uma start-up, chamando jovens para participar.

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A gente quer compreender o que o Congresso está fazendo, para termos aqui um modelo diferente, mas com objetivo parecido: modificar o padrão de comunicação com a população, sair de um ponto de vista mais passivo, mas não ficar discutindo só em mídia social e trazer a sociedade para a participação efetiva

A ideia é fazer isso na estrutura da Assembleia ou com uma start-up separada?

Guto Silva: informação organizada e aberta. 

Na estrutura da Assembleia, que pode criar um prêmio para os melhores projetos, apoiar para que vire um negócio e possa vender para prefeituras e câmaras municipais. Essa deficiência de comunicação do legislativo não é só nossa. O mundo inteiro está discutindo os parlamentos. Alguns começam a perder sentido, pois há uma sobreposição do Executivo e do Judiciário sobre o Legislativo. As agências reguladoras têm um papel mais forte que o dos deputados, por exemplo. É preciso dar uma mexida no sistema. Tem que ouvir a população. Eles sabem o que fazer.

As mídias tradicionais já não dão conta da comunicação com a população?

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Precisamos de alternativas. Tem as mídias sociais, mas dá para organizar isso melhor. Veja esse caso: chegou aqui na Assembleia Legislativa a denúncia de que a pesca irregular com redes estava acabando com os peixes no Rio Iguaçu. Estamos desenvolvendo um aplicativo para celular, que deve ser lançado no próximo mês. É basicamente o seguinte: pescadores que estão no rio e localizam redes irregulares poderão encaminhar denúncia, de forma geo-referenciada, apontando a pesca ilegal.

Vão denunciar diretamente à polícia ambiental?

Sim. O poder de polícia, o poder do Estado, não consegue chegar em todas as pontas. Então temos que integrar a sociedade com informação, junto com os órgãos competentes, para criar uma sinergia que traga resultados.

A polícia vai trabalhar de forma integrada, pois vai ter informação. Esse é um exemplo de como a gente pode trabalhar. Esse tipo de comunicação não é só de falar, é também de ouvir e de agir. Precisamos começar a fazer isso. Não precisa ser só aplicativo, podem ser outras ferramentas também.

Trata-se aí de integrar o público e o privado...

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Hoje separa-se muito o público do privado. Temos de integrar.

Veja um exemplo: estacionamento no Centro Cívico, de segunda a sexta é cheio, sábado e domingo é vazio. Por que não abrir para que moradores possam estacionar seus carros nos finais de semana? Por que o parlamentar não pode usar o estacionamento de prédio aqui ao lado que está livre durante a semana?