Em uma reação a tentativa do PMDB de isolar o PT na Câmara, os deputados petistas se reuniram nesta quinta-feira (5) para discutir a sucessão da Presidência da Casa. O encontro se transformou em palco para ataques aos peemedebistas, principais aliados do governo no Congresso, com direito a cobrança por infidelidade ao Planalto e acusações de que a legenda atua muitas vezes mais como oposição do que o PSDB e o DEM.
Os petistas articulam como estratégia grudar no líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), o carimbo de candidatura de oposição e tentar costurar um racha na bancada, enfraquecendo sua campanha. Ficou acertado que será criada uma comissão para dialogar com todos os partidos a disputa pela Presidência. Farão parte do grupo os ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), e os deputados José Guimarães (CE) e Geraldo Magela (DF).
Ao contrário do que parte da bancada vinha defendendo, a maioria indicou nesta quinta defender que o partido lance nome próprio para a briga. Chinaglia e Maia ainda continuam sendo os cotados.
Segundo relatos, Chinaglia, atual vice da Câmara, e Guimarães fizeram duras críticas ao comportamento do PMDB. Do lado de fora da sala era possível ouvir algumas falas com ataques ao aliado e em defesa de uma coalização mais coerente com o Planalto."Não adianta o governo continuar operando como se o Eduardo Cunha fosse da base", disparou o deputado Amauri Teixeira (BA) aos correligionários.
Após o encontro, o líder do PT, Vicentinho (SP), subiu o tom contra o PMDB. "Nós somos do partido do governo. PT e PMDB não são partido da base. O PMDB tem seu vice, o PT tem sua presidente. Nós consideramos o partido, mas não vamos concordar com qualquer candidatura que signifique postura de oposição", afirmou. "Se tem partido da base, tem que construir o caminho com governo. Se tem partido da base, como algumas pessoas agem como oposição ? Não é oposição a este ou aquele projeto, é oposição na eleição que é muito mais grave. É oposição permanente, sistemática, mais oposição que PSDB e DEM", completou a provocação.
Segundo interlocutores, o ex-presidente Lula defende que o PT só coloque um nome na disputa que tenha potencial para derrotar Cunha. A avaliação do ex-presidente, dizem aliados, é de que um racha na base pode produzir efeitos piores para a governabilidade de Dilma no segundo mandato e configurar uma importante derrota na largada de seu novo governo.
Petistas já admitem que o Planalto poderá recorrer ao uso da máquina, com a reforma ministerial, para pressionar os aliados contra Cunha.
Blocão
A três meses da posse do novo Congresso, Cunha começou a costurar nesta terça oficialmente sua candidatura para a presidência da Câmara a partir de fevereiro de 2015. Em meio às resistências do Planalto, o peemedebista reuniu líderes do PR, PTB, PSC e Solidariedade e solicitou a consulta formal aos parlamentares dessas legendas para apoio e consolidação de sua campanha.
Esses partidos terão 152 dos 513 deputados no ano que vem. Juntando esse número aos 120 parlamentares de DEM, PSDB, PPS e PSB, o blocão avalia que impediria o PT de construir maioria.
A ideia é que até a próxima semana essas bancadas deem aval a Cunha e formem oficialmente o chamado blocão, que apesar de ser formado por quatro siglas aliadas da presidente Dilma Rousseff começou atuar no início do ano com independência e impôs derrotas significativas à petista.A estratégia do peemedebista continua sendo uma ação para isolar o PT aproveitando o desgaste do partido com os demais diante da defesa do governo Dilma e de matérias contrárias ao interesse da Casa.
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