Não represento o PT, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff negou nesta quarta (5) apoiar a resolução de seu partido, o PT, que faz críticas duras ao candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), prega um projeto de "hegemonia" petista na sociedade e a regulação da mídia. "Eu não represento o PT", disse.
Dilma conversava com jornalista de meios impressos e fazia a defesa do diálogo. "Eu não estou propondo nenhum diálogo metafísico. Quero discutir propostas", afirmou Dilma quando a reportagem da Folha de S.Paulo a interpelou sobre a resolução petista, que tem tom beligerante. "Eu não represento o PT. Eu represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Eu represento o país, não sou presidente do PT, sou presidente dos brasileiros", afirmou.
A resolução petista, aprovada pela Executiva Nacional do partido na segunda-feira (3), afirma que Aécio estimulou "forças neoliberais" com nostalgia da ditadura militar, racismo e machismo. Para Dilma, é uma queixa partidária. "É deles, é típico", afirmou, ressaltando que a oposição também é acusada da mesma agressividade.
Regulação da mídia passa por monopólios, diz presidente
O governo federal quer discutir a regulação econômica da mídia a partir do segundo semestre do ano que vem, mas não irá apresentar um projeto pronto para enviar ao Congresso. Segundo a presidente Dilma Rousseff, apesar da pressão do PT neste sentido, o ideal é que haja "uma ampla discussão" com a sociedade. Para ela, deve haver consultas públicas, inclusive por meio da internet, e reuniões setoriais com os grupos interessados.
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A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (6) que o governo vai "ter de fazer o dever de casa" e apertar o controle da inflação. Em entrevista a oito jornalistas dos principais jornais do país no Palácio do Planalto, ela sinalizou que o controle será feito por meio de cortes de despesas e não necessariamente só com o aumento das taxas de juros. "Sempre haverá gastos para cortar", afirmou a presidente, para quem "há limites dados" pelas restrições fiscais.
"Vamos ter de apertar o controle da inflação", disse ela. Em seguida, reconheceu: "Nós temos problema interno com a inflação". Na conversa com jornalistas, Dilma prometeu combater a alta de preços, mas se recusou a falar sobre juros. Apenas adiantou que "não pretende mexer nos intervalos de tolerância da meta de inflação", tampouco no seu centro, de 4,5%.
A presidente negou que o reconhecimento da necessidade de um ajuste para retomar o crescimento da economia configure estelionato eleitoral, como acusa a oposição, até porque, diz ela, a visão de corte de gasto da oposição "é similar àquela ideia maluca de choque de gestão", outra bandeira do PSDB para reduzir despesas com a máquina pública.
Para Dilma, não há "receita prontinha" para recolocar o Produto Interno Bruto (PIB) nos trilhos. Mas prometeu "não desempregar" no Brasil com a fórmula que adotará para reverter a desaceleração. "Temos que fazer ajustes em várias coisas não é só cortar gastos", afirmou Dilma, recusando-se a dar mais detalhes.
Mais uma vez, ela não quis antecipar seu novo ministro da Fazenda, apenas se comprometeu a anunciar sua futura equipe econômica após voltar da Austrália (15 e 16 de novembro). "Os emergentes têm ainda espaço para voltar a crescer", avaliou, sem deixar de avaliar que um quadro mais permanente de queda no preço das commodities internacionais afetará "feio" a América Latina. "A minha esperança é que o Brasil terá uma recuperação. Enquanto isso, espero que o mundo também tenha."
PMDB
Ao falar sobre o diálogo que pretende estabelecer no segundo mandato, Dilma foi questionada sobre o desafeto Eduardo Cunha, o líder do PMDB que é favorito para ser presidente da Câmara no ano que vem. Dilma parou, fechou o semblante e, com um sorriso irônico, disse: "Nós estamos convivendo há muito tempo com ele", encerrando o assunto.
Em uma reação a tentativa do PMDB de isolar o PT na Câmara, os deputados petistas se reuniram nesta quinta-feira (5) para discutir a sucessão da Presidência da Casa. O encontro se transformou em palco para ataques aos peemedebistas, principais aliados do governo no Congresso, com direito a cobrança por infidelidade ao Planalto e acusações de que a legenda atua muitas vezes mais como oposição do que o PSDB e o DEM.
Sobre a chamada PEC da Bengala, que voltou a ser articulada entre setores do Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso para permitir a aposentadoria de juízes aos 75 anos (e não 70, como hoje), Dilma disse ser "muito ruim". Na prática, a PEC tiraria teoricamente de chegar ao fim de seu novo mandato com 10 dos 11 ministros do STF indicados por governos petistas.
Em relação à renegociação do indexador das dívidas dos Estados, aprovada nessa quarta-feira (5) pelo Senado e que irá para sua sanção, Dilma afirmou "ser complicado" se houver retroatividade comprovada da medida. "Tudo para trás estoura a bolsa da viúva", disse. Mas ressalvou que "ainda estamos estudando" o impacto da medida, para aí então avaliar se haverá vetos.
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