Deputados integrantes da CPI da Petrobras na Câmara defenderam nesta quinta-feira (20) o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deve ser alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), e rebateram pedido do PSol para convocar Cunha na comissão.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a convocação de Cunha tiraria o “foco da investigação” e que a denúncia da PGR não pode mover a CPI. “Não posso aqui funcionar de acordo quando as denúncias são feitas ou deixam de ser feitas. A CPI não pode mudar o seu rito por que a denúncia foi feita”, disse Motta.
O deputado Ivan Valente (PSol-SP) afirmou que a convocação de Cunha seria uma demonstração da “independência” da CPI. “O senhor Eduardo Cunha precisa depor na CPI”, afirmou. Valente também defendeu que seja marcado o depoimento do lobista Julio Camargo, que afirmou em delação premiada ter pago US$ 5 milhões de propina a Cunha. A convocação do delator já foi aprovada, mas o depoimento ainda não foi agendado.
Quando foi alvo da abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha foi espontaneamente à CPI prestar depoimento. Na ocasião, rebateu as acusações e foi mais aplaudido pelos deputados do que questionado.
Agora, o PSol defende que seja aprovado o requerimento para convocá-lo, o que criaria um constrangimento político na Casa. O presidente da CPI é aliado próximo de Cunha.
Outros deputados também saíram em defesa do presidente da Câmara. O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) chamou de “lenga-lenga” o pedido de Valente e disse que “isso enche o saco”. Pansera já foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ser “pau-mandado” de Cunha, por ter apresentado requerimentos contra familiares do doleiro, que em sua delação também afirmou que o presidente da Câmara se beneficiou de propina.
Já o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) questionou a mudança na delação de Camargo, que só incluiu Cunha no mês passado, apesar de ter firmado delação no ano passado sem citar o presidente da Câmara. O delator justificou que não denunciou Cunha inicialmente por medo de represálias. “Essa sede de denúncias nos preocupa”, disse Marun.
O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) afirmou que Ivan Valente estava “antecipando o julgamento da PGR em relação ao presidente da Câmara”.
Doleiro
Em depoimento à CPI, o doleiro Raul Srour fez críticas às perguntas dos parlamentares e disse que poderia ser “falta da aplicação da lição de casa”. “Estão dizendo que eu fazia parte do [escândalo do] Banestado, pelo jeito vocês não leram nada”. Deputados ficaram irritados e pediram “respeito”. Munido de habeas corpus que lhe permitia ficar calado, Srour negou as acusações e disse que suas atividades de câmbio eram legais.
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