Com todos os caminhos apontando para a permanência definitiva de Michel Temer (PMDB) na Presidência da República, já começam as especulações em torno da eleição que escolherá o próximo ocupante do cargo em 2018.
Quanto aos prováveis nomes para a disputa, não há grandes divergências: Aécio Neves (PSDB), Lula (PT), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (PV), Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSC). A dúvida são as condições em que cada um deles chegará ao pleito. E é certo que elas vão depender do desempenho do próprio Temer à frente do governo.
Antes mesmo de ser alçado ao cargo de presidente, Temer se comprometeu com os partidos aliados – sobretudo o PSDB – que não disputaria a reeleição se Dilma fosse afastada.
Especialistas, porém, avaliam que essa é a primeira condicionante para 2018. “Se o governo estiver bem, duvido muito que ele cumpra essa promessa e não se candidate”, avalia Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas.
Nesse eventual cenário de bonança, Temer poderia ainda lançar um candidato próprio. E há quem aposte no ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a exemplo do que ocorreu com Fernando Henrique Cardoso no governo Itamar Franco, em 1994. Outro possível apoio seria em torno do ministro da Relações Exteriores, José Serra. Empossado na Esplanada sem o apoio completo do PSDB, Serra poderia migrar para o PMDB nesse caso.
Seja qual for a decisão de Temer se tiver um bom desempenho na Presidência, os maiores afetados seriam tucanos e petistas. De um lado, o PSDB se veria numa situação complicada em não apoiar o nome de um governo que deu certo e que, ainda que indiretamente, ajudou a construir na votação de projetos importantes no Congresso. Do outro, o PT não teria discurso para criticar uma gestão que reergueu o combalido país herdado de Dilma.
No TSE
Outro fator que traz ainda mais incerteza sobre o pleito de 2018 são os processos que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com a probabilidade cada vez maior de as ações serem analisadas apenas em 2017, o país pode voltar a cair na instabilidade política caso a Corte julgue os casos procedentes. Se isso ocorrer, uma eleição indireta seria realizada em 30 dias, cabendo ao Congresso escolher o novo presidente.
“Ter o governo nas mãos sempre foi decisivo no Brasil na questão eleitoral. Se as coisas melhorarem até 2018, ainda que não 100%, certamente isso será atribuído ao Temer. E seja ele mesmo o candidato ou um nome com o seu apoio, a força será muito grande”, projeta Mário Sérgio Lepre, cientista político da PUCPR.
Incertezas
No caso de o país chegar ainda cambaleante em 2018, a avaliação é de que a disputa ganha ainda mais incertezas.
Dona de mais de 22 milhões de votos na última eleição, Marina Silva (Rede) será um nome competitivo e com potencial de crescimento se herdar o apoio de parte da esquerda, um tanto perdida com a derrocada do PT. Já os petistas, por ora, se apresentam com mais do mesmo: Lula. Não se sabe, porém, como o único nome viável da legenda será atingido pelos desdobramentos da Lava Jato.
Além disso, os especialistas também projetam os tucanos em baixa para o próximo pleito presidencial – ao menos no momento. Aécio é citado na Lava Jato; no governo paulista de Geraldo Alckmin pipocam escândalos de corrupção; e Serra carrega o desgaste de duas derrotas, em 2002 e 2010.
“Tudo está muito aberto. O governo Temer está no começo, e temos uma destruidora Lava Jato em andamento”, analisa Lepre.
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