Denúncia
Investigação detalhou como funcionava a lavagem do dinheiro
De acordo com procuradores do MPF, a lavagem de dinheiro acontecia em dois momentos diferentes. O primeiro passo era entre as empreiteiras e os operadores do esquema. A lavagem dos valores de corrupção acontecia através de dinheiro em espécie, remessa ao exterior e contratos simulados com empresas de fachada, segundo a denúncia. Em seguida, os operadores repassavam os valores aos agentes políticos, através de dinheiro em espécie, remessa ao exterior e aquisição de bens.
As empresas de fachada utilizadas eram controladas pelo doleiro Alberto Youssef e por Waldomiro Oliveira que já são réus em outros processos em curso na Justiça.
Outro lado
Em nota, a Construtora Camargo Corrêa afirmou que "pela primeira vez seus executivos terão a oportunidade de conhecer todos os elementos do referido processo e apresentar sua defesa com a expectativa de um julgamento justo e equilibrado". Em nota, a UTC informou que só vai se manifestar depois que os advogados analisarem a denúncia. O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, afirmou que não vai se manifestar sobre as denúncias. O advogado de Paulo Roberto Costa, João Mestieri, não foi localizado. A Engevix informou que, por meio dos seus advogados, prestará os esclarecimentos necessários à Justiça.
Na coletiva de imprensa em que anunciou novas denúncias do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que mais acusações referentes às supostas irregularidades na Petrobras ainda serão apresentadas. Segundo o procurador, os destinatários do suposto esquema de propina também serão alvo do MPF.
"Começamos hoje [ontem] uma nova fase de investigação. Outras denúncias virão", disse o procurador. "Estamos longe do final dela [investigação]. Essa é mais uma fase a complexidade dos fatos nos leva de forma responsável, de forma muito firme, a afirmar que esta investigação chegará ao final."
As denúncias referentes aos destinatários das propinas da Petrobras não devem partir da força-tarefa do MPF. Como provavelmente envolvem políticos com mandato, que possuem foro privilegiado, elas têm de partir da própria Procuradoria-Geral da República (PGR).
No caso da diretoria de Abastecimento da Petrobras, alvo das denúncias apresentadas ontem, a suspeita é de que políticos do PP teriam recebido parte das propinas. A legenda tinha o comando da diretoria o ex-diretor Paulo Roberto Costa, um dos denunciados, foi indicado pelo deputado federal José Janene, morto em 2010. Outra parte seria destinada ao PT. Há a suspeita, também, de que políticos do PMDB receberam propina de outras diretorias.
Janot disse, também, que os envolvidos no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propina investigados pela operação "roubaram o orgulho brasileiro". "Foi uma aula do crime", afirmou.
Outras ações também devem partir do MPF do Paraná. Coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol disse que as investigações não param por aqui e que novas acusações virão. "Inclusive de improbidade contra empresas cartelizadas". Ele também afirmou que continuam a ser investigados crimes de cartel e fraude em licitação.
Propostas
De acordo com o Estadão Conteúdo, além de denúncias, a força-tarefa do MPF deve apresentar também um conjunto de propostas de medidas legislativas "para transformar o país".
As proposições têm o apoio de Janot. As medidas visam a uma reforma do sistema recursal, para agilizar o trâmite de casos de corrupção e, assim, evitar novas prescrições, como ocorreram em episódios como o caso Banestado, com a evasão de US$ 30 bilhões nos anos 1990.
Informante repassou dados internos
Folhapress
Um relatório confidencial de 17 páginas produzido pela Polícia Federal indica que um funcionário de carreira "de mais de 30 anos" na Petrobras tem ajudado os investigadores da Operação Lava Jato a indicar caminhos para investigações que atingem negócios feitos em diversas áreas da estatal, como aluguel de navios e suposto superfaturamento em projetos internacionais, incluindo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
As informações foram prestadas pelo informante há nove meses, mas não há indicação de que os dados tenham sido aprofundados ou confirmados pela Polícia Federal. Parte do depoimento foi revelado pelo jornal O Globo.
O funcionário não foi ouvido como testemunha e é mantido no anonimato nos autos de um dos 75 inquéritos abertos no decorrer da operação. Segundo a PF, o funcionário se sentiu motivado a colaborar por estar "descontente com a administração da empresa e o sucateamento da Petrobras".
Uma equipe de policiais federais de Curitiba foi até o Rio de Janeiro encontrá-lo, em abril de 2014.