Em evento com estudantes e representantes de associações de professores em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a presidente afastada, Dilma Rousseff, criticou a política do governo interino de Michel Temer e comparou seu processo de impeachment com a tentativa de golpe na Turquia.
Segundo a petista, enquanto na Turquia há um golpe “verdadeiramente militar”, o Brasil vive um “golpe parlamentar”. “Lá, você tem um machado que quebra a árvore da democracia, enquanto no golpe parlamentar são parasitas atacando a árvore”, afirmou ela na UFABC (Universidade Federal do ABC), nesta segunda-feira (18).
De acordo com a presidente afastada, há, por trás de seu impeachment, uma “ambição pelo parlamentarismo”, pois o sistema de votos proporcionais criaria “filtros oligárquicos” nas eleições. “O parlamento no Brasil é mais conservador que o Executivo.”
Ela voltou a afirmar que não cometeu crime de responsabilidade nas pedaladas fiscais e que, ser for condenada por elas, seus antecessores também o deveriam ter sido. “Está ficando até chato. Semana passada o Ministério Público Federal disse que a pedalada não ser caracteriza como irregularidade, que não há crime nesse caso”, disse.
Dilma criticou o projeto do governo Temer de estabelecimento de teto para gastos com educação e saúde nos próximos 20 anos. Segundo ela, o resultado da medida seria “a redução per capita dos gastos” ao longo dos anos, com o ingresso de mais alunos nas universidades. “É a medida mais grave desse governo para mim”, afirmou.
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Leia a matéria completa“Nós temos que gastar mais com educação”, disse a petista para a plateia que a havia recebido com gritos de “volta querida”. Segundo Dilma, o problema na educação brasileira é “complexo, porque somos um país muito desigual.”
“Eu acho que não resolvemos o problema da educação melhorando o acesso a ela”, afirmou. Segundo ela, é preciso uma “política contínua” para melhorar a qualidade da educação brasileira. “E aí é o perigo do golpe, a quebra da continuidade.”
Política externa
Dilma criticou ainda a política externa de Temer e o ministro das Relações Exteriores, José Serra. Segundo ela, o Brasil conseguiu afirmação no plano internacional graças a sua posição “não imperialista” e priorizando países vizinhos. “Não de quem fala fino com os EUA e grosso com a Bolívia.”
“Só quem não entende de política externa pode achar que podemos abrir mão do Mercosul, da Unasul”, afirmou.
Ela acusou os articuladores do impeachment de usarem os países do continente “para fazer política interna”. “Estou falando da Venezuela.”
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