Depois de cobrar dos bancos privados a diminuição das taxas de juros, a presidente Dilma Rousseff convocou para esta quarta-feira (2) uma reunião do Conselho Político do governo, a segunda deste ano, disposta a apresentar um cenário mais otimista da economia. Mas presidentes e líderes de partidos da base aliada, que compõem o conselho, avaliam que há um assunto mais urgente a discutir: a CPI do caso Cachoeira.
"Doa a quem doer, é preciso que haja apuração consistente das denúncias", disse o deputado Lincoln Portela (MG), líder do PR na Câmara, numa referência às ligações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários. Desde que foi defenestrado do Ministério dos Transportes, em julho do ano passado, o PR afirma manter uma posição de "independência" em relação ao Palácio do Planalto.
Dilma resolveu uma pendência ao entregar o Ministério do Trabalho novamente para o PDT, embora a escolha de Brizola Neto, o novo titular da pasta, ainda divida o partido. No caso do PR, porém, não há solução à vista para o impasse, já que a presidente não quer trocar o ministro Paulo Sérgio Passos. "Nós pretendemos 'distensionar' o ambiente e não estamos brigando por cargos. Isso não tem nada a ver com a CPI", insistiu Portela.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse ter sido convidado para a reunião do Conselho Político pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que parecia "muito animada".
Apesar da crise internacional, o governo está otimista com o cenário econômico e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, baterá nessa tecla na exposição aos parlamentares. Mantega também pretende pedir a colaboração do Congresso para evitar turbulências no mercado. O discurso oficial do Planalto é que CPI sempre foi assunto do Legislativo, mas, na prática, há uma estratégia em curso para evitar constrangimentos a Dilma.
Os petistas, por exemplo, querem impedir a convocação do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), suspeito de envolvimento com Cachoeira. "A impressão que dá é que tem muita gente querendo se aproveitar desse momento político, por causa das eleições municipais", comentou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "Não vamos permitir isso."
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