Na sua visita oficial a Luanda, em discurso na Assembleia Legislativa, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar os países desenvolvidos na condução da crise econômica. "Parte do mundo desenvolvido continua trilhando o caminho da insensatez", disse a presidente, que foi aplaudida pelos parlamentares várias vezes durante seu discurso.
Segundo a presidente, Angola, assim como o Brasil, apostou no crescimento atuando com políticas contracíclicas que privilegiavam ações sociais de combate à pobreza, no desenvolvimento e criação de empregos. "Nossos países fugiram do receituário conservador que tão bem conhecemos na América Latina por mais de 20 anos. Seguimos outro caminho. Não renunciamos às nossas responsabilidades internacionais. Este momento exige políticas macroeconômicas sadias, inclusive para proteger nossas nações do contágio da recessão e do desemprego", disse. Angola este ano tem a expectativa de crescimento de 10%, mesmo com a crise, repetindo o índice de crescimento do ano passado.
No seu discurso, Dilma voltou a defender a reforma dos organismos multilaterais e a participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. "O cenário internacional atravessa uma fase de acelerada transformação. Os países emergentes como os nossos são chamados cada vez mais para ocupar espaços", disse, acrescentando que o desenho dos órgãos multilaterais, que representam países desenvolvidos, está ultrapassado. "Representa uma ordem internacional que não existe mais e não representa a realidade", disse, destacando que esses organismos não refletem continentes inteiros, como América Latina e África.
O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, em seu discurso no Palácio de Governo, durante almoço com representantes dos dois países, também defendeu a importância da presença brasileira no conselho de segurança da ONU. Em um dos trechos do discurso na assembleia, a presidente Dilma falou de improviso, o que não é de seu costume. Depois de lembrar que, em 2010, que Angola foi o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros ela disse que a presença de empresas brasileiras em Angola é um testemunho do esforço de fortalecer as relações comerciais e ampliar investimentos conjuntos.
Segundo Dilma, o Brasil adota princípios nessa cooperação "que gostaria e exige" que sejam aplicados em relação ao Brasil. Em seguida, listou três princípios que considera necessários de serem aplicados. "Que as empresas brasileiras que trabalham em Angola têm de contratar, empregar trabalhadores de Angola, dirigentes angolanos, engenheiros angolanos porque é isso que gostamos que façam no nosso país.
O segundo princípio é que as nossas empresas devem privilegiar também parcerias com empresas angolanas". E o terceiro ponto, segundo ela, é a necessidade de "privilegiar e aceitar a orientação, os planos e os planejamentos dos países com os quais nós estamos cooperando fraternalmente".
A presidente acrescentou que as empresas brasileiras têm de respeitar as condições, as regras e as determinações que o governo legitimamente eleito de Angola estabelece para o país. Dilma informou que são mais de US$ 3 bilhões disponibilizados pelo Brasil por meio do Fundo de Garantia à Exportação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que o maior beneficiário desses recursos tem sido Angola. Em seguida, a presidente informou que "sempre que for preciso esses investimentos serão ampliados".
A presidente anunciou que, em novembro, uma missão brasileira irá a Luanda para discutir a ampliação do relacionamento, citando vários setores, inclusive o de matriz energética.
Perseguição a Van Hattem agrava ataque à imunidade parlamentar no Brasil
Mudança na composição da Câmara vira queda de braço entre bancadas e decisão pode ficar com TSE
STF e as decisões sobre vínculo dos trabalhadores de aplicativos; ouça o podcast
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deixe sua opinião