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Wagner Rossi, ministro da Agricultura, indicado pelo vice-presidente Michel Temer | Valter Campanato/ABr
Wagner Rossi, ministro da Agricultura, indicado pelo vice-presidente Michel Temer| Foto: Valter Campanato/ABr

Entenda o caso

Ministério da Agricultura é novo foco de acusações.

27 de julho – Diretor financeiro da Conab e irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Oscar Jucá Neto é exonerado do cargo após acusação de ter liberado pagamento irregular de R$ 8 milhões a empresa de laranjas.

30 de julho – Em entrevista à revista Veja, Jucá Neto diz que o Ministério da Agricultura "só tem bandidos’’ e "corrupção’’. Segundo ele, o ministro Wagner Rossi (PMDB-SP) teria lhe oferecido dinheiro em troca de seu silêncio. Rossi nega.

1º de agosto – Rossi descarta crise e faxina na Agricultura. Reunida com a cúpula do governo, a presidente Dilma não cobra explicações a respeito das acusações, e Romero Jucá pede desculpas por declarações de seu irmão.

2 de agosto – Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revela que o TCU aponta descontrole em gastos na Agricultura, que não fiscalizaria adequadamente operações milionárias em seus órgãos; pasta diz que já adotou procedimentos para melhorar controle de despesas.

3 de agosto – Em depoimento na Câmara Federal, o ministro ataca Jucá Neto e volta a negar irregularidades na pasta.

4 de agosto – Reportagem da Folha de S.Paulo diz que o governo Dilma foi avisado de que a Conab estava sendo aparelhada com objetivos eleitoreiros, mas manteve as indicações políticas, intensificadas a partir de 2007, com a adesão do PMDB a Lula.

6 de agosto – Secretário-executivo da Agricultura, Milton Ortolan, pede demissão após revista Veja afirmar que lobista teria uma gravação em que ele exige propina de 10% sobre contrato com o ministério. Ortolan nega as acusações.

7 de agosto – Folha de S.Paulo mostra que a Agricultura virou cabide de empregos da cúpula do PMDB e que loteamento na Conab começou quando Rossi dirigia a estatal. Entre os apadrinhados estão Adriano Quércia Soares, sobrinho de Orestes Quércia, e Monica Infante de Azambuja, ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves.

8 de agosto – Reportagem da Folha de S.Paulo mostra que, além de inchar a Conab, Rossi transferiu para seu gabinete no ministério funcionários contratados sem concurso e até hoje remunerados pela estatal.

Fonte: Folhapress.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff deu ontem indicativos de que o tratamento das denúncias de corrupção envolvendo integrantes do PMDB será diferente do dispensado ao PR – alvo da "faxina" no Ministério dos Trans­­­portes. Dilma defendeu nesta segunda-feira, publicamente, o ministro da Agri­­­cultura, Wagner Rossi, cuja pasta tem sido denunciada por suspeita de irregularidades. Rossi é peemedebista e foi nomeado por indicação do vice-presidente Michel Temer. O PMDB é o principal partido da base aliada de Dilma no Congresso, juntamente com o PT.

"Não há razão para ter qualquer questão em relação ao ministro Wagner Rossi", disse Dilma aos jornalistas. "Ele [Rossi] já tomou as medidas e estamos sem sombra de dúvidas reiterando a confiança no ministro", afirmou. Anteontem, o Planalto já havia emitido uma nota em que defendia Rossi.

No último sábado, o então secretário-executivo do Mi­­nistério, Milton Ortolan, se demitiu após a revelação da revista Veja de que um lobista atuava dentro do ministério influenciando contratos e licitações. O ex-diretor financeiro da Com­panhia Nacional de Habitação (Conab) Oscar Jucá Neto havia denunciado uma semana antes que o PMDB e o PTB haviam montado um "consórcio" para desviar dinheiro do ministério.

Prestigiado

Prestigiado por Dilma, Rossi convocou ontem a imprensa para uma entrevista coletiva. E disse tem o apoio da presidente. "Ela [Dilma] tem me dado motivos para que eu me sinta firme e confortável [no ministério", afirmou.

Durante a entrevista, Rossi deixou claro que sua estratégia é se desvincular das supostas irregularidades na pasta. Ele pediu à imprensa que, se souber de irregularidades, que avise o ministério para que providências sejam tomadas. Os problemas, segundo ele, são derivados de ações de subordinados seus – sobre as quais ele não tem controle direto. "Eu não tenho como controlar tudo", afirmou mais de uma vez o ministro.

Ele também especulou que as denúncias contra sua pasta podem ser fruto de disputas entre grupos rivais dentro do ministério e da Conab. "Quem conhece a administração pública sabe que, às vezes, você muda a equipe, e a equipe anterior e a equipe atual se hostilizam por baixo do pano. Isso acontece", disse o ministro.

Rossi reconheceu ainda que o loteamento político das diretorias (entre aliados do PMDB, PTB e PT) da Conab são um problema. "Isso tem criado problemas, eu não vou negar", afirmou o ministro. Antes de ser nomeado ministro, ainda no governo Lula, Rossi foi presidente da Conab.

Rossi considerou legítima a indicação de parentes de líderes de seu partido, o PMDB, para cargos na Conab. Reportagem de domingo do jornal Folha de S.Paulo mostrou que receberam cargos no órgão um filho de Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado; a ex-mulher de Henrique Eduardo Alves (RN), líder da sigla na Câmara; um neto do deputado federal Mauro Benevides (CE); e um sobrinho do ex-governador Orestes Quércia, peemedebista morto no ano passado.

Em relação à reportagem da revista Veja, que afirma que o lobista Júlio Fróes tinha uma sala no ministério e que redigia editais de licitação e elaborava pareceres, Rossi afirmou que determinou ontem a instauração de uma sindicância. Rossi voltou a negar que conhecesse Fróes, mas admitiu tê-lo cumprimentado uma vez dentro do ministério, ao sair de seu gabinete.

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