Presidente Dilma busca uma saída para as crises políticas e econômicas que atormentam o país.| Foto: Lula Marques/ Agência PT

Um dia após o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor’s, a presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã desta quinta-feira (10) uma reunião de emergência com sua coordenação política. Esse tipo de encontro acontece uma vez por semana, geralmente às segunda-feiras, para que a presidente e seus principais ministros discutam os assuntos da semana. O grupo já se reuniu na terça-feira (8).

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O tema que a presidente quer tratar nesta quinta, porém, é único: saídas para o rombo fiscal de R$ 30,5 bilhões apresentado na semana passada, pela equipe econômica, na proposta orçamentária para 2016. A ordem de Dilma é que, o mais rápido possível, sua equipe apresente maneiras de cortar despesas do governo e elevar a arrecadação, muito provavelmente com novos impostos. A presidente diz preferir que os novos tributos tenham data para acabar fixada em lei.

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Diante do desencontro de integrantes do governo, como os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) travando subsequentes embates na condução da política econômica, Dilma pretende afinar o discurso e, para acalmar o mercado, fazer ressoar entre os ministros que a meta do Executivo é perseguir um superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), mesmo apresentando um Orçamento deficitário para o ano que vem.

Mais impostos

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Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta (10), a presidente disse que vai perseguir a meta de superavit e afirmou que o rombo fiscal só será coberto com o corte de despesas e o aumento de impostos. “Inequivocadamente, teremos de ter ampliação da receita”, declarou.

A presidente afirmou que é o Executivo quem deve propor novos tributos e, apesar de não dar detalhes das propostas que o governo está avaliando enviar ao Congresso nas próximas semanas, diz preferir que sejam tributos com data para acabar fixada em lei.

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Dilma defendeu ainda o envio ao Legislativo de propostas de mudanças legais para viabilizar o enxugamento das despesas obrigatórias. “É a nossa responsabilidade dizer onde, quando e como [vamos cortar e aumentar receitas]. Muitas pessoas estão falando, o governo está avaliando. Não fecha sem aumento de receitas, a não ser que o pessoal queira ficar com o 0,5% do PIB de deficit”, disse a presidente.

“Nós ainda vamos cortar, enxugar um pouco”, completou, em referência à reforma administrativa anunciada pelo governo no mês passado. O Ministério do Planejamento diz que irá cortar pelo menos 10 dos 39 ministérios, mas nada foi efetivamente anunciado e Dilma também não deu detalhes do que irá fazer. Ressaltou apenas que quer manter o status de ministério do Banco Central.

Nos últimos dias, integrantes do governo têm falado sobre a possibilidade de aumento do Imposto de Renda das pessoas físicas, a criação de um imposto provisório e da elevação alíquotas de tributos, como a Cide, cobrado sobre combustíveis. Mas Dilma avaliou que o aumento da Cide não seria suficiente e traria um forte impacto inflacionário.