Em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente americano, Barack Obama, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar nesta terça-feira (30) o que chamou de “vazamento seletivo” das investigações feitas pela Operação Lava Jato. De acordo com Dilma, existe obrigação de a prova “ser formada com fundamentos e não simplesmente com ilações ou sem acesso às peças acusatórias”. “Isso é um tanto quanto Idade Média”, disse.
Extorsão
Partidos da oposição decidiram entrar na Justiça contra Dilma por extorsão.A ação é baseada no depoimento do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, de que doou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras.
As declarações foram uma nova referência às acusações feitas em acordo de delação premiada pelo dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, nas quais ele confessou ter pago propina para fazer negócios com a Petrobras e relatou encontros em que discutiu contribuições para campanhas eleitorais (inclusive de Dilma) com os ministros Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, e Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social.
Indagada se pretende manter Mercadante e Edinho no cargo, Dilma disse que não demite nem nomeia ministros pela imprensa. “O governo brasileiro não tem acesso aos autos, estranhamente, há um vazamento seletivo e alguns têm acesso”, disse.
“Aqueles que são mencionados não têm como se defender porque não sabem do que são acusados”, criticou. Dilma também fez uma enérgica defesa da Petrobras, afirmando que a empresa “não está sub judice”. “Alguns funcionários cometeram atos de corrupção e o MP e a PF os investigam e os processam” disse Dilma.
Ação contra a presidente
Sem consenso sobre um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, PSDB, DEM, PPS e SD decidiram nesta terça-feira (30) entrar com representação na Procuradoria-Geral da República contra a petista e o ministro Edinho Silva (Comunicação Social), tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, por crime de extorsão.
Em sua delação, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou a ação como “factoide ridículo”. “É triste a tentativa de utilizar o Ministério Público e a Operação Lava Jato para algo que é um verdadeiro nonsense jurídico”, disse à reportagem.
Cunha retém apurações na Corregedoria da Câmara Federal
- brasília
O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), retém sem decisão, há semanas, oito requerimentos para abertura de investigação na Corregedoria da Casa contra 28 parlamentares, incluindo ele próprio.
O PSol pediu abertura de sindicância para que seja apurado o suposto envolvimento de Cunha e outros 21 colegas com o esquema revelado na Operação Lava Jato. Sem o despacho de Cunha, a Corregedoria fica impedida de abrir a investigação.
A representação foi protocolada pelos cinco deputados do PSol em 10 de março. O partido pretendia a abertura de sindicância sobre os 22 deputados que foram alvo de inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) em desdobramento da Lava Jato. A reportagem apurou que foi emitido um parecer que recomendava o arquivamento do pedido.