O Diário Oficial costuma ser o prontuário da articulação política do Planalto. Na sexta-feira, uma canetada da presidente Dilma Rousseff restaurou os sinais vitais da relação do governo com os partidos da base. Logo na primeira página da seção 2, Dilma afiançou a nomeação de um aliado para o estratégico cargo de presidente do Banco do Nordeste (BNB), estatal com R$ 4 bilhões em investimentos programados para 2011.

CARREGANDO :)

A nomeação de Jurandir Vieira Santiago, sacramentada cinco meses e dez dias depois da posse de Dilma, mostrou o restabelecimento do fluxo de negociação do governo justamente na semana em que seu núcleo político se desintegrou, com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil e do remanejamento de Luiz Sérgio da Secretaria das Relações Institucionais para a pasta da Pesca.

Os padrinhos de Santiago foram o PT e o PSB, os mesmos que desde 2003 asseguraram a presidência do banco para Roberto Smith, agora afastado. Para terem o controle da direção do BNB, PT e PSB tiveram de fazer muito lobby, abandonar as divergências iniciais, em que cada um queria ter o domínio da instituição, e fazer gestões com a presidente e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Quanto mais pediam por seus afilhados - foram renovando a opção de nomes assim que o tempo passava -, mais ficavam em dúvida se seriam atendidos. Recorreram ao presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e ao presidente do PT, o deputado estadual paulista Rui Falcão. Foi uma pressão pesada.

Publicidade

A discussão em torno do BNB é usada pelos aliados como prova de como a presidente tem se revelado sem jogo de cintura para negociar com os 15 partidos que a apoiam no Congresso. Eles reclamam da lentidão das decisões, o que depõe contra a fama de "gerentona" que Dilma ganhou na Casa Civil do governo Lula. As queixas vão dos partidos maiores, como PMDB e PT, passam pelos médios, a exemplo do PSB, e chegam aos pequenos, entre eles o PSC. O tema de todos eles é quase um mantra. Quando são recebidos, dizem, "Dilma ouve, ouve, anota e anota, mas não toma as providências pedidas".

O tom de lamúria da base aumentou nos últimos 25 dias, com a crise política gerada pelas dúvidas em relação à atuação da empresa Projeto, do ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) e com a votação do Código Florestal pela Câmara, quando a base aliada mostrou que continua atrás dos cargos prometidos. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.