Dilma: mudança de dois votos garantem a volta dela ao poder.| Foto: Evaristo Sá/AFP

A presidente afastada Dilma Rousseff convidou os 22 senadores que votaram contra a abertura do seu processo de impeachment para um jantar na noite da terça-feira (17). No encontro, ela avaliou as chances de reverter seu afastamento definitivo do cargo na votação do julgamento final no Senado. Na saída, o discurso dos senadores era de otimismo.

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O jantar tinha o objetivo original de agradecimento. Dilma quis falar diretamente com todos aqueles que votaram pela sua permanência. “A presidente mostrou confiança de que poderia reverter o cenário no Senado, já que a opinião pública também está mudando o seu entendimento sobre o processo de impeachment”, disse o ex-líder do governo Dilma, Humberto Costa (PT-PE).

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Na votação que afastou a presidente Dilma Rousseff, dez senadores deixaram claro em seu discurso que votaram apenas pela abertura do processo, sinalizando que poderiam mudar o voto quando o Senado analisasse se a presidente de fato cometeu crime de responsabilidade. Agora, os petistas se apegam a esse número para tentar impedir o impeachment de Dilma.

Para a cassação definitiva, é necessário o apoio de dois terços dos senadores, num total de 54 votos. Na última votação, 55 senadores votaram a favor da abertura do processo de impeachment, 22 foram contrários, três se ausentaram e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou. Com base nesses cálculos, os petistas consideram que é necessário reverter apenas dois votos para evitar o impeachment de Dilma.

Para Renan, sem chances

A avaliação do PT difere da do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele afirmou a aliados que não vê chances de a presidente Dilma Rousseff retomar o poder após ter sido afastada.

A avaliação foi feita pelo senador repetidas vezes desde o desfecho da votação no Senado que sacramentou o afastamento de Dilma, na semana passada. Para Renan, mesmo uma gestão tortuosa do presidente interino, Michel Temer, não seria suficiente para reerguer a petista politicamente.

O presidente do Senado sempre foi visto como o “último bastião” da governabilidade de Dilma. Ele só se afastou da petista nos últimos capítulos do impeachment. À derrocada da gestão petista se seguiu uma discreta reaproximação entre Renan e Temer. Desafetos históricos dentro do PMDB, os dois passaram a se reunir com mais frequência. Na terça-feira (17), por exemplo, Renan foi pela primeira vez ao Planalto para uma reunião com Temer. O presidente interino precisará da colaboração do presidente do Senado para aprovar medidas importantes para a economia.

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A mais urgente delas, a mudança na meta fiscal, precisa ser votada pelo Congresso até o dia 22, ou o governo será obrigado a fazer um corte emergencial de gastos, comprometendo até o pagamento de luz e telefone.

A mudança da meta de superávit deve ser feita em sessão do Congresso, que só pode ser convocada por Renan, o que deve ocorrer na próxima semana. A avaliação é que esse pequeno atraso no calendário não chegará a afetar, na prática, o pagamento das despesas do governo.

Balanço da gestão Temer

No jantar com senadores, a presidente afastada também aproveitou para fazer uma análise sobre o início da gestão de Michel Temer como presidente em exercício. Ela teria dito aos senadores que o peemedebista começou mal o seu governo. Dilma teria criticado a extinção do Ministério da Cultura e também a decisão de “colocar em um plano secundário” as políticas para mulheres, negros e minorias.