O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, descartou nesta segunda-feira (12) que exista em Minas Gerais uma tendência de voto conjunto na presidenciável do PT, Dilma Rousseff, e no candidato do PSDB a governador, Antonio Anastasia. A dobradinha vem sendo chamada pelos mineiros de "Dilmasia". "Claro que não acredito nisso. É apenas um lance eleitoral, sem base nenhuma", disse em entrevista à Rádio Jovem Pan AM, em São Paulo. Serra caçoou do apelido dado à suposta chapa: "Dilmasia parece nome de doença, azia do estômago ou neoplasia."
Para o presidenciável, o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) assegurou que apoiará a candidatura Serra. "Ele foi claríssimo: ficará inteiramente do nosso lado", disse o paulista. Mesmo assim, Serra evitou comentar a possibilidade de ter Aécio como vice na chapa presidencial. "É um assunto em relação ao qual não vou me manifestar nas próximas semanas. Tenho outras prioridades", afirmou. "Aécio tem dito que prefere o Senado. Sua decisão será sempre respeitada."
O tucano disse não ter medo da comparação proposta por Dilma entre os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele acredita, no entanto, que o paralelo é "meio sem cabimento". "Não tenho medo, mas não dá para comparar duas coisas que se sucederam. Uma até aproveitou coisas da anterior. É outro período, outra situação. Você tem de comparar os problemas do futuro."
Com esse raciocínio, Serra tentou afastar Lula do embate destas eleições. Recordista de popularidade, o presidente tenta colar sua imagem em Dilma. "Lula não é candidato, nem FHC, nem (Fernando) Collor, nem (José) Sarney, que apoiam Dilma", disse. "Os candidatos são pessoas que não foram ainda presidentes, como Marina (Silva, do PV), Dilma e eu. Vamos ter de discutir o futuro, quem tem mais condição de tocar o Brasil." Serra se disse "intrigado" com o tratamento dado pelo PT a Fernando Henrique. "Ex-presidentes aliados da Dilma são bem tratados, mas quando não são aliados, são muito criticados."
A respeito da sucessão para o governo de São Paulo, Serra apontou o ex-governador Geraldo Alckmin como candidato do PSDB. "Candidaturas têm de ser colocadas, naturalmente, pelo sentimento geral. Sem a menor dúvida, Alckmin está credenciado para o Estado."
Planos de governo
Diante de acusações de adversários de que, se eleito, eliminaria programas do governo Lula, como o Bolsa Família, Serra afirmou que tem o costume de manter as "coisas boas" de seus antecessores. "Governar é pegar o que seu antecessor estava fazendo de positivo, continuar e turbinar", disse. Ele citou que, quando prefeito de São Paulo, manteve criações de Marta Suplicy (PT), como o Bilhete Único e os Centros Educacionais Unificados (CEUs).
Questionado se, em um eventual futuro governo, chamaria o PMDB para compor sua equipe, Serra evitou comentar o assunto. "Eu faria um governo de soma, com os setores políticos que estiverem de acordo com nosso programa e nosso estilo de governar. Eu não loteio o governo." O diretório nacional do PMDB apoia a candidatura de Dilma, mas há divergências nos Estados a favor de Serra.
Serra prometeu, se eleito, fazer "para ontem", programas habitacionais para tirar moradores de áreas de risco no País todo e evitar tragédias como a ocorrida na semana passada em Niterói (RJ). Deu como exemplo a remoção feita pelo governo paulista de famílias da Serra do Mar, em São Paulo.
O ex-governador paulista disse ainda que não implantará a Lei Antifumo em âmbito federal. Segundo ele, essa é uma incumbência de Estados e municípios, responsáveis também por fiscalizar a legislação.
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