Sem esconder a satisfação de ver o desafeto em maus lençóis, o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) diz em seu blog que o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), acusado de improbidade administrativa durante sua gestão no Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre 1998 e 2002, "quer o que não ofereceu a ninguém". Dirceu diz que Jungmann sempre agiu como um inquisidor e ironizou a expressão "chefe de quadrilha", usada por seus adversários quando, à frente da Casa Civil, foi acusado de chefiar o esquema do mensalão.
- É preciso deixar claro que Jungmann nunca deu o direito de defesa a ninguém. Pelo contrário, prejulgou e linchou todos os investigados no caso dos sanguessugas e em outras denúncias, como se fosse um torquemada de plantão. Exigiu renúncia, afastamento dos cargos. Agora, quando é acusado de ser 'chefe de quadrilha', quer para si o que negou aos demais e, além disso, ainda vê motivação política nas acusações - diz a nota, postada às 12h01m desta sexta-feira.
Dirceu diz que postou a nota atendendo a pedido de vários leitores que queriam que ele comentasse a decisão da Procuradoria da República no Distrito Federal de processar Jungmann e mais oito pessoas por suposta participação em um esquema que teria causado prejuízo de R$ 33 milhões em contratos publicitários do Incra. Citando matérias dos jornais, Dirceu diz que as provas em poder dos procuradores José Alfredo de Paula Silva e Raquel Branquinho mostram que o esquema funcionaria nos moldes de uma quadrilha destinada a dilapidar o patrimônio público.
O deputado Raul Jungman durante entrevista na Câmara - Roberto Stuckert Filho/O Globo
Nesta quinta-feira, Jungmann disse ter recebido com surpresa a decisão da Procuradoria da República. O deputado afirmou que até então vinha sendo tratado como testemunha e que não teve oportunidade de se defender. Ele disse ainda que, como homem público, vai prestar contas e esclarecer qualquer denúncia de irregularidade em sua gestão.
- O mesmo rigor que sempre cobrei, quero que aconteça comigo. Confio na Justiça do meu país e no Ministério Público - afirmou.
Para Dirceu, Jungmann deveria pedir licença do mandato até que as investigações terminem. O ex-ministro acusou o parlamentar de outro crime: inflar a estatística de assentados para usá-lo em propagandas sobre a reforma agrária na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
- A coisa é mais grave, portanto - afirma o petista.
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