Apesar de a eleição para o governo do estado ser diferente da disputa presidencial, os temas que vão mobilizar a campanha pelo Palácio Iguaçu também envolverão discussões nacionais. Isso porque, entre os principais candidatos ao governo paranaense, estão o governador Beto Richa (PSDB) e a senadora Gleisi Hoffmann (PT), ex-ministra do governo Dilma Rousseff (PT). Os dois protagonizaram diversas trocas de farpas principalmente quando o tema é a liberação de empréstimos pelo governo federal ao Paraná. Enquanto Richa acusa os petistas de "discriminação" contra o estado, Gleisi argumenta que a má gestão financeira do estado é culpada pela falta de verbas. Segundo especialistas, esse deve ser o tom da campanha no Paraná. Para o cientista político da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), porém, esse tipo de disputa prejudica o eleitor, pois priva a população do debate de propostas. "Campanhas eleitorais nada mais são que disputas retóricas, em que se trava um duelo para ver o que convence o eleitor", diz ele. Os especialistas avaliam também que a entrada do senador Roberto Requião (PMDB) na disputa pelo governo pode modificar esse tom de campanha por despolarizar a eleição e pautar temas que terão de ser abordados pelos demais candidatos. "Ele levanta grandes assuntos políticos e utiliza muito bem as redes sociais para isso. Resta analisar o impacto que esses debates terão na mídia e na internet", diz o cientista político do grupo Uninter, Doacir Quadros.
Empréstimos
Uma das principais discussões da pré-campanha eleitoral ao Palácio Iguaçu foi a liberação de empréstimos pelo governo federal ao Paraná o estado que menos obteve autorizações para receber financiamentos ao longo da gestão Dilma Rousseff (PT). O governador Beto Richa (PSDB) acusa a gestão petista de "discriminação" contra o Paraná. Já a senadora Gleisi Hoffmann (PT) critica a administração tucana, que passou por dificuldades financeiras e descumpriu determinações legais de gestão fiscal o que impediu a liberação das verbas pelo governo federal. "No início, deve haver um posicionamento dos candidatos sobre esse assunto. Mas, ao longo da campanha, os temas devem ficar mais propositivos", diz o cientista político da PUCPR Mário Sérgio Lepre. Para o cientista político Doacir Quadros, do Grupo Uninter, a discussão deve afetar em maior proporção a imagem do governo Richa. "Me parece que a liberação depende mais de uma ação técnica do que política e isso vai ter reflexo na campanha", diz.
Falta de dinheiro
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo Richa devem ser armas de campanha contra o tucano. Além de dívidas com fornecedores, o governador acumulou críticas durante o mandato por ter ultrapassado o limite prudencial de gastos com pessoal, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, e por ter deixado de investir o mínimo previsto em lei em áreas como a saúde e a ciência e tecnologia. Apesar de considerar que a gestão fiscal será um tema prioritário para a campanha, o cientista político do grupo Uninter Doacir Quadros afirma que a discussão deve girar em torno da falta de investimentos em obras, mas não vai abordar o enxugamento da máquina pública. "A campanha fica longe daquilo que poderia acrescentar algo, como o modelo de gestão pública. Gostaria de ver um debate de qualidade sobre cargos em comissão na administração pública, mas acho muito improvável."
Conta de luz
Um assunto que entrou recentemente na pauta de discussões políticas foi a solicitação, pela Copel, de reajuste de 32,4% na tarifa de energia, que foi um dos maiores índices de aumento solicitados pelas distribuidoras à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O tema logo foi politizado e, em entrevistas, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) classificou o reajuste como "injustificável". Depois da liberação do aumento pela Aneel, o governador Beto Richa (PSDB) disse estar "surpreso" com o índice autorizado e determinou a suspensão do reajuste. Governo federal e Copel então passaram a travar uma "guerra" de versões em propagandas na tevê, culpando um ao outro pelo aumento. Na última quinta-feira, a Copel fez um novo pedido de reajuste, de 24,86% em média. Para o cientista político do Grupo Uninter Doacir Quadros, a tarifa entra em um pacote de discussões sobre serviços públicos essenciais que devem dar o tom da campanha. "Provavelmente segurança e transporte também serão assuntos bastante debatidos."
O enigma Requião
Os especialistas consultados pela reportagem são unânimes em afirmar que a entrada do senador Roberto Requião (PMDB) na disputa pelo Palácio Iguaçu tem potencial para "bagunçar" os temas da campanha. Bom orador, Requião é conhecido por pautar temas que têm de ser discutidos pelos adversários. O cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, observa que o peemedebista geralmente assume a posição de franco atirador nas campanhas. "Ele não tem nada a perder, já que tem mais quatro anos de mandato como senador. Também não tem qualquer constrangimento em falar dos problemas do estado", diz Lepre. O cientista político Doacir Quadros, do grupo Uninter, afirma que a presença de Requião na disputa abre a possibilidade de surgir um tema surpresa. "Por ter menos tempo de tevê em comparação com os outros dois principais candidatos, ele também deve usar as redes sociais para elencar temas de campanha. Mas o que ele vai trazer é sempre uma incógnita", diz Quadros.
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