No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início às articulações para montar sua equipe para o segundo mandato, dois partidos aliados deixaram claro que vão buscar mais espaço no governo. PP e PSB, que em breve devem ser chamados para um conversa com o presidente, estão de olho na formação do novo Ministério. O líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), por exemplo, disse que seu partido irá "gritar" por cargos no governo:
- O próprio presidente já disse que vai rever (o Ministério) e que vai fazer uma coisa justa. É lógico que ele não vai querer nenhum partido da base insatisfeito. Todo mundo vai gritar, nós iremos gritar - avisou Negromonte.
O deputado, que é o interlocutor da bancada pepista junto a Lula, lembrou que o PP elegeu 41 parlamentares. Ele defende o parâmetro da proporcionalidade para a definição da equipe do segundo mandato do presidente reeleito. Segundo esse critério, quanto maior a bancada aliada, mais cargos no Ministério teria direito.
- Vamos reivindicar nossos espaços e estamos analisando a questão com as bancadas. Vamos querer ampliar as bancadas que temos hoje e estamos atentos à proporcionalidade dos partidos no governo - disse Negromonte, que informou também que irá tentar manter o ministério das Cidades, atualmente sob a gestão do pepista Márcio Fortes.
O PP quer tentar conquistar ainda os ministérios da Integração Nacional e dos Transportes. O partido tem hoje, além da pasta das Cidades, a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a diretoria do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), uma diretoria da Petrobras e já teve o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e uma secretaria Nacional do ministério da Saúde.
Já o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse que seu partido tem consciência de que merece ganhar mais espaço no governo, principalmente depois do resultado desta eleição, mas garantiu que vai deixar Lula livre para fazer suas escolhas na composição do novo governo.
- Deixamos o Lula à vontade para que ele diga o que pensa do PSB. Não vamos colocar uma espada na garganta do presidente. Entendemos que o PSB cresceu, ultrapassado a cláusula de barreira, elegendo 27 deputados, três governadores no Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco). Temos que aumentar nosso protagonismo, nossa presença no governo - disse.
Sem citar nomes, o vice-líder do governo aproveitou para cutucar outros partidos da base aliada, que, segundo ele, não garantem o apoio prometido ao presidente nas votações de matérias importantes no Congresso.
- Somos um partido leal, diferente de outros que ficam pipocando, prometem apoio e votos e não têm (...) Não passa pela nossa cabeça sair da base - disse.
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