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Alberto Youssef: depoimento para reconfirmar pagamento de propina ao ex-dirigente do PT. | Rodolfo Buhrer/Reuters
Alberto Youssef: depoimento para reconfirmar pagamento de propina ao ex-dirigente do PT.| Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, reafirmou à Justiça Federal que pagou mais de R$ 800 mil em propinas para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Youssef prestou longo depoimento ao juiz federal Sergio Moro no processo em que Vaccari é réu junto com o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque – cota do PT na estatal petrolífera. Os dois estão presos em Curitiba, base da Lava Jato. Outros 25 acusados respondem na mesma ação, por quadrilha e corrupção.

Youssef, um dos delatores da Lava Jato, declarou que pagou Vaccari em dinheiro vivo, em duas parcelas de pouco mais de R$ 400 mil cada. “O primeiro pagamento, se não me engano, a primeira parte foi no meu escritório [em São Paulo] para a cunhada do João Vaccari, então tesoureiro do PT. Em espécie. E depois houve um outro pagamento, o meu funcionário Rafael Ângulo foi junto com o Piva da Toshiba. O Piva deixou o valor na porta do diretório nacional do PT em São Paulo.”

O doleiro já havia dado essas informações em outros relatos à Justiça e à força-tarefa da Lava Jato. Como delator ele está obrigado a depor em todas as ações criminais decorrentes da investigação sobre esquema de corrupção e propinas na Petrobras. Ele foi arrolado como testemunha de acusação de Vaccari e Duque.

“Eu nunca operei a Diretoria de Serviços, mas tinha conhecimento de que a Diretoria de Serviços recebia [propinas sobre o valor dos contratos da Petrobras]. Eu soube disso primeiro pelo sr. José Janene [ex-deputado líder do PP, morto em 2010], depôs pelas próprias empresas.”

O juiz Moro perguntou a Youssef se ele participou de reuniões para discutir propinas com os executivos das empreiteiras. Ele disse ‘sim’.

Sobre a propina a Vaccari, o doleiro disse. “Eu fiz um pagamento ao PT. A única operação que eu fiz que envolveu o pagamento ao PT foi sobre uma obra do Comperj [Complexo Petroquímico do Rio] a pedido da Toshiba. Na época [2009], total de 800 e poucos mil reais.”

Ele afirmou que quem recebia propinas para a Diretoria de Serviços era João Vaccari Neto.

O juiz perguntou a Youssef se os relatos de empreiteiros mencionavam Vaccari e se lhe diziam que o então tesoureiro do PT recebia propinas. “Sim”, respondeu o doleiro.

“Mas ele [Vaccari] recebia valores de doações ou propinas pagas? O que foi relatado para o sr?”, insistiu o juiz Moro.

“Que normalmente essas comissões eram pagas por intermédio de doações no próprio partido”, respondeu o doleiro-delator. “Isso me foi falado na época, era realmente, o comissionamento era pago como doação.”.

Disse que encontrou-se ‘duas ou três vezes’ com Vaccari ‘em alguns restaurantes, assim de passagem’.

“Uma vez ele esteve no meu escritório para conversar comigo. Eu não estava. Depois teve a operação [Lava Jato], eu não soube qual era o assunto que ele queria tratar.”

Defesa

O advogado criminalista Luiz Flávio Borges DUrso refuta as denúncias contra seu cliente, João Vaccari Neto. DUrso tem reiterado publicamente e por meio de petições e habeas corpus que o ex-tesoureiro jamais recebeu propinas e que sua missão era arrecadar doações lícitas para o PT. O PT reafirma que só arrecada doações lícitas e que as comunica formalmente à Justiça eleitoral. A reportagem não localizou representante da Toshiba.

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