"A cama começou a balançar. Aí olhei pela janela e vi o chão abrindo. A impressão que eu tinha era de que estava caindo tudo. O buraco ficava cada vez maior e o prédio de vidro da frente tremia." O relato é da dona de casa Dirce Maria Chiara, vizinha do local do acidente. Ela diz que ninguém avisou os moradores sobre o risco que havia.
- Só quando cheguei à rua, assustada, é que me falaram para sair do prédio - afirma.
Moradora no apartamento 6 do Edifício Deolinda, na Rua Gilberto Sabino, 170, Dirce entrou em pânico quando viu a cratera se formando e não conseguia abrir a porta de sua casa.
- Pensei que ia morrer - diz.
Moradora há 55 anos do número 118 da Rua Gilberto Sabino, a dona-de-casa Ofélia Pereira, 74 anos, teve de ser medicada por uma equipe do Samu. Sua pressão chegou a 22.
- Estava cochilando quando meu marido (João Pereira, 79 anos) me chamou para sair às pressas. Não peguei remédio nem celular - afirma.
Síndico do edifício Deolinda, Antônio Manuel Dias Teixeira acusa o Metrô de estar dinamitando o local, inclusive durante a madrugada.
- Antes era só as 10h, 15h e 18h e eles tocavam o alarme. Agora não avisam mais e as explosões ocorrem a qualquer hora - diz.
O aposentado Mario Mikail, morador no prédio 277 da Rua Conselheiro Pereira, ouviu um forte estrondo. Já a psicóloga Fernanda Palamone e a fisioterapeuta Cristiane Peric, que trabalham na Rua Sumidouro, 519, chegaram a pensar o prédio da Editora Abril, que fica ao lado, estava pegando fogo.
A dona de casa Diva Martins de Andrade Bordaz, de 68 anos, e o marido, Francisco Antônio, de 70, estavam sozinhos com os netos - um garoto de 2 anos e uma menina de apenas seis meses - quando ouviram um barulho forte seguido do som de sirene.
- Peguei as crianças no colo e sai correndo, descalça mesmo. Mas a cada passo o chão ia afundando. Pensei que seríamos soterrados - conta Diva.
Ela e o marido estavam desesperados. A casa deles, na Rua Capri, 162, fica em frente ao local onde ocorreu o acidente é uma das duas que terá ser demolida.
- Rachou tudo nos dormitórios e na garagem. A casa era nosso investimento da uma vida toda - diz ela, que mora há 22 anos no local.
Na pressa, Diva e o marido esqueceram os remédios de pressão e do coração, o que aumentou ainda mais o desespero deles. O desespero de Diva era tanto que ela chegou a implorar ajuda ao prefeito Gilberto Kassab quando o viu no local do acidente.
- Por favor, prefeito, me atende. Não posso ficar na rua - disse, aos prantos.
Kassab a confortou, acariciando as mãos dela.
- Fique tranqüila, senhora. Tudo será resolvido - afirmou.
A vizinha de Diva, Carmem de Leone e o marido, moradores no número 98, viram o chão do quintal rachar quando escutaram o barulho. Os dois saíram às pressas, levando a cachorrinha, e ficaram aguardando ajuda sob a cobertura de uma banca de jornal, sentados em cadeiras emprestadas.
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