As conversas a respeito da sucessão do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara ganharam mais fôlego depois do pedido feito nesta quarta-feira (16) do procurador-geral da República Rodrigo Janot de afastamento do deputado. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) acate o pedido de Janot, os deputados serão obrigados a realizar uma nova eleição para a presidência da Casa no prazo de cinco sessões – o Supremo confirmou nesta quinta (17) que irá retomar o caso apenas em fevereiro, após o recesso para as festas de fim de ano.
De acordo com o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o entendimento do PMDB é de que o próximo presidente precisa ser do partido para respeitar a proporcionalidade da distribuição de cargos na Mesa Diretora da Câmara. “A lei diz que todos os partidos têm que ter posição na mesa”, afirma o deputado.
Entre os nomes cotados para assumir a vaga de Cunha estão dois peemedebistas. Um deles é o próprio Osmar Serraglio, mas o paranaense prefere não especular sobre uma possível disputa. Outro nome cotado é do pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Há ainda um outro possível candidato, o deputado André Moura (PSC-SE), que apesar de não ser do PMDB, seria a indicação do atual presidente da Câmara Eduardo Cunha. A preocupação, porém, é de que André Moura carregaria a rejeição dos deputados em relação a Cunha. “Ninguém vai aceitar o Eduardo Cunha lançar outro candidato”, disse um deputado federal que preferiu não ser identificado.
Impeachment
O processo de impeachment da presidente Dilma sofreria pouca influência em caso de uma troca no comando da Câmara. Essa é a avaliação de Seraglio. “Seja quem for, a interferência do presidente não existe mais praticamente”, analisa o paranaense.
De acordo com o deputado paranaense, depois de montada a comissão especial e enviado o relatório final, a Mesa Diretora tem 48 para colocar o assunto em pauta no plenário. “Aí é com o plenário”, afirma o deputado. A interferência do presidente da Câmara nesse caso seria mínima, de acordo com o peemedebista.
Afastamento
O pedido de afastamento de Cunha foi protocolado no gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na Corte, e deve ser analisado em plenário pelos 11 ministros do STF. Para Janot, Cunha vem utilizando o cargo para tentar embaraçar as investigações da Lava Jato em relação a ele, constrangendo e intimidando testemunhas.