PPS quer reunião de emergência da CPI da Petrobras
O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), divulgou na manhã deste sábado (5) nota em que cobra a convocação de uma reunião de emergência da CPI mista da Petrobras para discutir a delação premiada que está sendo feita pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. O líder do PPS anunciou que vai apresentar dois requerimentos à comissão na próxima segunda-feira, dia 8.
Marina diz que citação de Campos por Costa é "ilação"
Em campanha em Brumado (BA), 555 quilômetros ao sul de Salvador, a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, classificou como "ilação" a citação ao ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em 13 de agosto, nas delações premiadas feitas pelo ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Uruguai
Em outra reportagem, a Veja relata negócios suspeitos no ramo imobiliário de outro ex-diretor da Petrobras investigado pelo caso Pasadena, Nestor Cerveró. O apartamento em que ele viveu durante cinco anos na Zona Sul do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 7,5 milhões, pertence a uma offshore uruguaia que tem como representante no Brasil o advogado Marcelo Oliveira Mello, que seria amigo do ex-diretor.
Este, que atuou no departamento jurídico da Transpetro, uma subsidiária da Petrobras, foi sócio do escritório Tauil, Chequer & Mello, que é parceiro do escritório Thompson & Knight na defesa da estatal no caso Pasadena. Segundo a revista, a offshore comprou o apartamento logo após a estatal ser condenada pela Justiça a comprar 50% da belga Astra Oil.
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O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou a relação de mais de 30 políticos envolvidos com esquema de corrupção na Petrobras, informou neste sábado (6) a revista "Veja". Em seu depoimento, Paulo Roberto Costa cita pelo menos 25 deputados federais, seis senadores, três governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos PT, PMDB e PP, que teriam tirado proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. A presidente Dilma Rousseff disse nesse sábado que aguardará "dados oficiais" da investigação para comentar o caso.
Entre os envolvidos estão o ministro Edison Lobão ( Minas e Energia), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores estão Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR) e os deputados Cândido Vaccarezza (SP), João Pizzolatti (PP-SC), Mário Negromonte (PP). Entre os governadores, Paulo Roberto Costa cita o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco, morto no dia 13 de agosto em um acidente aéreo em Santos (SP).
Paulo Roberto Costa ocupou a diretoria da Petrobras entre 2004 e 2012, isto é, participou dos dois governos Lula e dos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff. Costa foi preso em março deste no, quando a Polícia Federal prendeu o ex-diretor sob acusação de participar de um megaesquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. De acordo com Costa, a distribuição do dinheiro servia para garantir que os partidos aliados continuassem a apoiar o Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
As investigações da PF já haviam revelado a existência de uma ampla rede de corrupção na Petrobras envolvendo funcionários da empresa, grandes empreiteiras, doleiros e políticos importantes. Os depoimentos de Paulo Roberto Costa estão sendo colhidos desde o dia 29 agosto pela Política Federal. Ao todo, já são mais de 40 horas de conversas gravadas, revela a revista.
Por envolver políticos, que têm direito a foro privilegiado, o caso está sendo acompanhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mágoa
A pouco menos de um mês do primeiro turno das eleições, a delação premiada feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa tem potencial para prejudicar um importante arco de candidaturas da base aliada, a começar pela da presidente Dilma Rousseff (PT). A avaliação é feita reservadamente por parlamentares governistas.
Segundo a revista apurou, Costa demonstrou "mágoa" em relação à presidente Dilma Rousseff, que foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil na época em que ele atuava na estatal. Isso porque ela ataca abertamente os ex-diretores pegos na investigação, embora tenha também sido indiretamente beneficiada pelo esquema.
O esquema teria funcionado até 2012, segundo a revista, servindo para garantir a base de apoio político a Dilma no Congresso nos dois primeiros anos de seu mandato. Mas, até o momento, Costa nada disse que incriminasse Dilma.
O conteúdo das conversas com o ex-presidente Lula ainda será detalhado pelo ex-diretor. Da mesma forma, ele ainda vai explicar a participação de cada um dos políticos no esquema.
Ele confirmou o que já era suspeita: que, para fechar contratos com a estatal, as empresas eram obrigadas a pagar um "pedágio". Esses recursos eram "lavados", com a ajuda de Youssef, e depois utilizados para irrigar a base aliada do governo no Congresso Nacional.
Refinaria
Esse esquema teria funcionado, por exemplo, na polêmica compra da refinaria de Pasadena, que rendeu prejuízo de US$ 792 milhões para a Petrobras. Segundo a Veja, Costa teria dito que esse negócio também serviu para distribuir recursos a partidos aliados.
Esse negócio passou a ser investigado por duas comissões parlamentares de inquérito depois que o Estado revelou, em março passado, que o negócio teve a bênção de Dilma Rousseff, então presidente do conselho de administração da estatal. O caso de Pasadena será tema de um depoimento específico do ex-diretor. O delegado que investiga essa operação irá a Curitiba, onde Costa está preso, para ouvi-lo.
Pela sua natureza e função, o esquema agora delatado por Costa é semelhante a outro grande escândalo da administração petista, o mensalão. A diferença, diz a revista, é que agora as cifras são bilionárias.
A Veja diz que o ex-diretor decidiu contar o que sabe porque teme repetir a história do publicitário Marcos Valério. Operador do esquema do Mensalão, Valério optou pelo silêncio e acabou condenado a 40 anos de prisão.
As informações de Costa estão sendo repassadas à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Eles entraram no caso porque as denúncias atingem políticos com direito a foro privilegiado.
Outro lado
De acordo com a revista, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse que sua relação com o ex-diretor sempre foi institucional e nega ter recebido dinheiro.
O secretário nacional de finanças do PT, João Vaccari Neto, negou as acusações. Em nota, Vaccari diz que nunca tratou de assunto relativo ao PT com Costa. "Assim, é absolutamente mentirosa a declaração de que tenha havido qualquer tratativa, seja pessoal, por e-mail ou mesmo telefônica, com o referido senhor a respeito de doações financeiras ou qualquer outro assim", diz. Vaccari diz ainda que nunca esteve na sede da Petrobras e que não visita empresas estatais, pois elas são proibidas de fazer doações eleitorais. O petista afirmou também que todas as contas do partido São "apresentadas em detalhes" aos órgãos responsáveis pela fiscalização.
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a relação do governo com Paulo Roberto Costa era "institucional". Cabral questiona em qual afirmação de Costa seu nome é mencionado, uma vez que ainda não foram divulgadas acusações contextualizadas feitas por ele à PF. Nos depoimentos diários que vem prestando desde o dia 29 de agosto, em Curitiba, onde está preso.
A governadora do Estado do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) enviou nota à imprensa em que diz repudiar veementemente e "com grande indignação" as denúncias feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em delação premiada. Conforme reportagem da revista Veja desta semana, a governadora estaria entre os envolvidos citados em depoimento de Costa à Polícia Federal em um esquema de corrupção na estatal.
"Nunca participei de nenhum esquema de corrupção e muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer natureza." Roseana afirma que tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para resguardar sua honra e dignidade.
A assessoria do senador Romero Jucá afirmou que ele repudia "insinuações" e nega que tenha recebido recursos. O deputado Cândido Vaccarezza diz que nega "qualquer negociação" com Costa.
A assessoria do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, afirmou que ele não se manifestaria. A do senador Ciro Nogueira disse que ele estava incomunicável. A reportagem deixou recado com assessores de Renan Calheiros e João Pizzolatti, mas não obteve retorno. A assessoria de Edison Lobão não respondeu. Mário Negromonte não foi localizado.