Recebido com gritos de “Cunha guerreiro do povo brasileiro” num ato da Força Sindical em São Paulo na manhã desta sexta-feira (21) , o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) descartou qualquer possibilidade de renúncia, um dia depois de ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República(PGR) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Renúncia não faz parte do meu vocabulário e nunca fará. Assim como a covardia”, disse Cunha, afirmando que “não há a menor possibilidade de eu não continuar à frente da Câmara dos Deputados”.
O encontro com sindicalistas em São Paulo foi organizado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, um aliado de primeira hora de Cunha. Acabou virando um ato de apoio ao peemedebista. Em discurso, o presidente da Câmara lembrou que “esses processos são muito longos” e que por isso, “nada alterará meu comportamento e a forma como estou atuando na Câmara”.
“Não vou abrir mão do direito que tenho [de ficar à frente da Casa]”, falou Cunha, que se disse “absolutamente sereno” e que a denúncia não passa de “ilação”.
A reunião desta sexta-feira (21) foi divulgada no início da tarde de quinta-feira, enquanto ainda se aguardava a apresentação da denúncia contra Cunha e o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL).
O encontro foi convocado oficialmente para debater alguns projetos de interesse dos trabalhadores aprovados recentemente pela Câmara e que seguem para sanção da presidente Dilma Rousseff. Mas, na prática, o que prevaleceu foram palavras de incentivo e apoio a Cunha.
O deputado foi recebido na sede da Força Sindical, na capital paulista, por um grupo de sindicalistas com gritos de “Cunha guerreiro do povo brasileiro” e “Cunha é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”.
O deputado chegou a pé à central sindical depois de uma pequena caminhada nas imediações da entidade. Gritos de “Fora Dilma” também foram entoados pelos sindicalistas.
O grito “guerreiro do povo brasileiro” é constantemente usado por simpatizantes do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no escândalo do mensalão, desvendado em 2015, e que está preso desde o início deste mês por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.