Luciano Ribeiro Lopes, 32 anos, ex-assessor parlamentar do deputado federal Barbosa Neto (PDT), foi preso por extorsão na noite de segunda-feira (25) em Londrina, no Norte do estado. Lopes foi detido em flagrante ao receber R$ 23 mil do deputado, que também é candidato a prefeito do município. Foi o próprio candidato que denunciou a tentativa de extorsão. O flagrante aconteceu em um condomínio na zona sul e foi coordenado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Federal (PF). Barbosa Neto contou que vinha sendo chantageado pelo ex-assessor havia 45 dias. O dinheiro teria o objetivo de evitar a distribuição de panfletos anônimos com cópias de denúncias contra o deputado.
Barbosa Neto acusa o candidato Luiz Carlos Hauly (PSDB) de ser o articulador da campanha difamatória. Hauly, no entanto, nega envolvimento no caso.
Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (26), Barbosa e o advogado da coligação "É preciso mudar Londrina", Marcos Kaimen, afirmaram que há uma campanha difamatória contra Barbosa, e que Lopes estaria envolvido com a divulgação de panfletos apócrifos contra o candidato. Barbosa informou que Lopes teria pedido R$ 500 mil para parar com a difamação. Depois, o valor baixou para R$ 250 mil e R$ 200 mil, e o valor apreendido pela polícia seria apenas uma parcela do pagamento.
"Esse valor seria um sinal de um posterior recebimento do restante, com o intuito de desmascarar a conduta de tentar extorquir o candidato com a ameaça de divulgação de fatos caluniosos e difamatórios sobre a sua pessoa", afirmou o advogado Marcos Kaimen. Inicialmente, o advogado informou que Barbosa não participou do flagrante, mas, posteriormente, o próprio candidato disse que esteve no local.
O flagrante ocorreu depois das 21 horas de segunda-feira, na casa do deputado federal Alex Canziani (PTB), num condomínio da zona sul. Luciano Ribeiro Lopes já foi assessor de Canziani. Questionado pela reportagem, Barbosa não esclareceu porque a residência do petebista foi escolhida. "Era o lugar onde foi marcado, eu não participei [da decisão], mas eu estive lá e foi lá que tudo aconteceu. Em nenhum momento o Alex sabia do que ia acontecer", disse. Durante a entrevista, Barbosa desculpou-se com o petebista pelo constrangimento causado pela prisão em sua residência.
O promotor Cláudio Esteves, do Gaeco, afirmou que as investigações continuam e que, por isso, não poderia dar informações mais precisas. "Recebemos notícia de que haveria um fato de extorsão, e mandamos uma equipe averiguar essa situação, e acabou por encontrar um flagrante. Há indício que exista este delito e é por isso que houve o flagrante. Há muitos detalhes a serem esclarecidos e é por isso que não podemos trazer mais informações e nem formar um juízo de valor", disse. Esteves disse ainda que o Gaeco não participou da escolha do local par o flagrante.
Brigas políticas
O ex-assessor parlamentar Luciano Ribeiro Lopes já fez uma série de denúncias contra Barbosa Neto. Lopes acusou o pedetista de apropriação indevida de salários de funcionários de seu escritório em Londrina. As denúncias foram publicadas no final de junho pelo jornal Correio Braziliense.
Com uma câmera escondida, Lopes gravou o depoimento do também ex-assessor do parlamentar Rogério Bertipaglia. No vídeo, Bertipaglia admite que o cartão bancário para saque do seu pagamento como funcionário da Câmara ficava com a mulher do deputado, Ana Laura Lino Barbosa. Ele foi afastado do cargo por problemas com drogas e sua mãe, Conceição, teria sido contratada sob as mesmas condições (de ceder o cartão). Essa denúncia está sendo investigada pela Câmara Federal e ainda não houve uma decisão contra Barbosa Neto.
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