Presidente Lula afirma ter "100% de confiança" em Dilma

Belém - Depois de afastar a ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil para evitar problemas na campanha petista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua plena confiança na candidata Dilma Rousseff, antecessora da ministra demitida na pasta. "Eu não entregaria o destino do povo brasileiro nas mãos de uma pessoa que eu não tivesse 100% de confiança", disse na quinta-feira à noite, em um comício na periferia de Belém do Pará.

A declaração de Lula faz parte da estratégia do PT de tentar blindar Dilma contra as denúncias que atingem a Casa Civil. Ao demitir e punir Erenice (leia reportagem acima) e prestigiar Dilma, Lula busca passar a imagem de que a candidata não tem nenhuma relação com o caso, embora as denúncias envolvam lobby quando a petista ainda era ministra.

Outra estratégia do PT (leia texto ao lado) é tentar desqualificar as denúncias, chamando-as de "baixaria", e procurar associá-las à oposição. Aliás, no discurso de Belém, Lula se queixou que a oposição – DEM e PSDB – está tirando proveito eleitoral das denúncias de tráfico de influência de forma suja. "Quero dizer para essa elite política rabugenta que não vamos fazer o jogo baixo, rasteiro, com acusações e preconceitos", afirmou.

Das agências

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São Paulo e Brasília - O empresário e consultor Rubnei Quícoli – que denunciou a suposta proposta de pagamento de propina de R$ 450 milhões dentro da Casa Civil para o BNDES liberar um empréstimo de R$ 9 bilhões à empresa de energia EDRB – admitiu ontem que ameaçou integrantes do governo para conseguir o financiamento. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.

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Em um dos e-mails que ele trocou, em 4 de janeiro, com Vinícius Castro, então assessor da Casa Civil, Quícoli diz, em uma mensagem cheia de erros de português: "Ou faz isso acontecer, ou se tornaremos opositores deste governo". Outros e-mails com ameaças foram enviados pelo consultor. Num deles, o empresário ameaça ir à imprensa para revelar a negociata. O Jornal Nacional ainda informou que Quícoli tem vários problemas com a Justiça.

O PT partiu ontem para o contra-ataque contra Quícoli. Se­­gundo Pierpaolo Bottini, um dos advogados do PT, o partido denunciou o empresário à Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo por dois supostos crimes contra a honra da candidata à Presidência Dilma Rousseff e contra a legenda.

Além de denunciar o suposto pagamento de propina, Quícoli disse que, dentro da Casa Civil, pediram-lhe R$ 5 milhões para a campanha da petista Dilma Rousseff à Presidência – numa época em que a candidata ainda era ministra e que a arrecadação de recursos eleitorais ainda não estava permitida, segundo a Lei Eleitoral. Quícoli afirmou que tem como provar as denúncias de propina para liberar o empréstimo no BNDES, mas não o pedido de dinheiro para a campanha.

"É uma denúncia de calúnia eleitoral e difamação eleitoral contra a candidata do PT e o PT. Foi feita com o interesse de conturbar as eleições", disse ontem o advogado do partido. Segundo ele, a Procuradoria Regional Eleitoral deve responder em 10 dias se aceita a denúncia contra o empresário. A denúncia do PT contra Quícoli foi protocolada na 2.ª Zona Eleitoral de São Paulo.

Propaganda eleitoral

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Em outra frente, a campanha de Dilma começou a veicular na noite de ontem, em suas inserções comerciais na televisão, uma propaganda em que tenta vincular as denúncias que atingiram o governo ao adversário na disputa presidencial, José Serra (PSDB), ainda que sem citá-lo.

Sem se referir diretamente à queda de Erenice Guerra, ex-braço direito de Dilma Rousseff, o comercial afirma que os adversários começaram a "apelar" e a "partir para a violência e para o jogo desleal". Usando como comparação o futebol, o ator que aparece no comercial de tevê afirma que "bateu o desespero nos adversários", pois teriam avaliado que Dilma está "ganhando de goleada". "Aí o que está perdendo começa a apelar, parte para violência, para o jogo desleal", diz o ator, sentado no sofá, com um televisor ao fundo exibindo uma partida de futebol. "Na política, é a mesma coisa. Agora, na reta final das eleições, com a Dilma na frente, bateu o desespero nos adversários. Aí aparecem a baixaria, as acusações sem prova e todo tipo de apelação", acrescenta ele.