"Queremos saber se quem denunciou tem provas"
O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, voltou a minimizar as denúncias de tráfico de influência contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, justificando que as provas devem ser apresentadas.
Ex-ministra deve sair do conselho do BNDES
Depois de deixar a Casa Civil na semana passada sob a suspeita de nepotismo e favorecimento a um suposto esquema de tráfico de influência no governo com a participação de seu filho, a ex-ministra Erenice Guerra também deve perder sua cadeira no conselho de administração do BNDES.
Salvador - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, negou ontem em Salvador que tenha indicado a ex-ministra Erenice Guerra para sucedê-la na Casa Civil e atribuiu a nomeação a um critério fixado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pela manhã, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil da TV Globo, Dilma ressaltou que não sabe de nenhum ato inidôneo de Erenice: "Até hoje eu nunca vi nenhuma prova, nenhuma ação inidônea da ex-ministra Erenice, o que não significa que ela está acima da suspeita", disse.
Dilma deixou o cargo de ministra da Casa Civil no fim de março deste ano. Ela foi sucedida então pela secretária-executiva Erenice Guerra, que pediu demissão na semana passada após suspeitas de participação em esquema de lobby no governo.
"Naquele momento de mudança de ministros, por conta de que alguns ministros iriam concorrer à eleição, o presidente Lula definiu um critério: que a sucessão seria pelos secretários-executivos. Isso foi generalizado no Planalto", afirmou Dilma em Salvador.
Montesquieu
Questionada sobre como evitaria esquemas de tráfico de influência num eventual governo, Dilma citou uma reflexão do cientista político Montesquieu (1689-1755)."Você não pode apostar só na virtude dos homens e das mulheres, porque eles são falhos. Você tem de apostar na virtude das instituições. Sem reforçar as instituições, sem mecanismos de controle cada vez mais rigorosos, você terá sempre o risco de ocorrer esses episódios", disse.
Ela defendeu a investigação das denúncias contra Erenice "doa a quem doer" e disse que só o governo federal está mais interessado do que ela na apuração do caso.
A candidata também repudiou a associação entre as denúncias e sua campanha e diz que as insinuações são "levianas e infundadas". Segundo ela, é preciso investigar antes de condenar porque senão "vamos exigir que as pessoas provem que são inocentes": "Aí a gente estaria voltando à Idade Média".
De manhã, na entrevista à TV Globo, disse que não pode falar por Erenice: "Não posso ser responsabilizada pelo que faz o filho ou parente de alguém... Se ele [Israel Guerra] admitiu que recebeu, ele é culpado. Então vai pagar por isso, mas daí fazer qualquer relação com a minha campanha são outros quinhentos".
Promessas
Durante a entrevista à TV Globo, a candidata petista disse que é possível assegurar a construção, em seu governo, de 500 unidades de pronto-atendimento, 6 mil creches e pré-escolas e 2 milhões de casas populares. Segundo ela, o governo Lula fez menos do que isso porque encontrou o país em dificuldades nas contas públicas e inflação.
"Quando conquistamos todas as condições para que a gente possa colocar o investimento na ordem do dia, gerar mais emprego e colocar o Programa de Aceleração do Crescimento é no segundo período do governo Lula. A gente tinha uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto em torno de 3,5, 4%. Agora o Brasil está crescendo. Nós estamos fazendo um cálculo até conservador, uma taxa de crescimento da economia de 5,5%, taxa de inflação entre 4,5% e 5% e uma tendência decrescente de endividamento público, chegando no final de 2014 com 28%. Fazendo todos esses cálculos é consistente o gasto que eu apresento", afirmou Dilma.
A petista disse também que o Brasil conseguiu melhorar os índices da educação, apesar de ainda baixos, sobretudo na área de escolas técnicas, em função de uma lei de 1998 que transferia o custeio aos Estados e municípios.
Dilma discordou da avaliação de que o BNDES esteja premiando empresas com financiamentos sem retorno. Segundo ela, o índice de inadimplência no banco é de 0,2%. Para a candidata não há risco de gestão. "Risco de crédito sempre há, admitiu".
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