O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), disse hoje que vai tentar unir todo o PMDB em torno do governo da presidente eleita, Dilma Rousseff. Após visitar o atual vice-presidente, José Alencar, que está internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, o peemedebista, que é também presidente nacional da sigla, afirmou que a maior parte dos deputados federais e senadores eleitos pelo PMDB está ao lado de Dilma e disse que, passado o período eleitoral, a sigla vai trabalhar para eliminar arestas regionais e reunir os seus integrantes em apoio ao próximo governo. "O PMDB está unido. Hoje, temos uma unidade que chega a 92% e o objetivo é tentar alcançar os 100%."
Temer disse que a tentativa de unir o PMDB em torno de Dilma vai incluir o diretório paulista, liderado pelo ex-governador Orestes Quércia, que apoiou José Serra (PSDB) nessas eleições presidenciais. "Seguramente, daqui a pouco", disse o peemedebista, sem dar mais detalhes sobre como isso será feito.
Ele afirmou também que será um dos coordenadores da equipe de transição do governo ao lado do ex-deputado Moreira Franco (PMDB). "Seguramente eu participarei. O Moreira Franco tem participado, inclusive, da elaboração do programa de governo. E é possível que ele continue a participar. Isso é uma coisa que vamos examinar a partir de agora", disse.
"Hoje é o primeiro dia. Seguramente vamos participar dessas reuniões, não tenho dúvida disso, mas ainda estamos no primeiro dia depois da vitória e temos de dar tempo ao tempo." O vice-presidente eleito evitou falar sobre a quantidade de ministros que o PMDB terá no governo de Dilma. "Eu acho que fomos contemplados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, evidentemente, não digo que será do mesmo tamanho ou se será maior. Nesse momento, não tenho condições de dizer isso."
Ele limitou-se a dizer que os novos ministros terão um perfil "técnico-político" e que só dará opinião sobre os nomes a serem ocupados no Ministério da Justiça e no Supremo Tribunal Federal (STF) se Dilma pedir a sua opinião. "Quem escolhe será a presidente, se eu for chamado a dizer alguma coisa, eu direi. Mas a escolha, num regime presidencialista, é da presidente", afirmou Temer, que é advogado e professor de Direito.
Alencar
O peemedebista contou que José Alencar está bem e que fez questão de que ele entrasse em seu quarto. "Ele está com muita disposição. Fez questão de que eu entrasse. Eu ia apenas registrar a minha visita e, além de nos cumprimentarmos pela vitória, ele fez sugestões para o governo", afirmou. "Ele sugeriu que o governo siga na trilha que está seguindo, com muito enfoque no social. Ele enfatizou muito isso."
Sobre o seu estado de saúde, Temer afirmou que o astral do vice está alto e que ele está muito bem humorado. O peemedebista foi questionado sobre se vai manter a linha crítica de Alencar em relação à política econômica do governo, mas foi evasivo, ao responder a questão. "Pretendo primeiro receber os conselhos. Depois, vou verificar qual será a minha postura como vice", limitou-se a dizer.
Temer disse que vai se manter na Presidência Nacional do PMDB e que permanecerá no comando do Congresso até o fim deste ano. "Tenho sessão na quarta-feira, estarei lá para abrir a sessão", afirmou. "Não há a figura do licenciamento, eu já tentei isso durante a campanha, mas não há a figura da licença nem da renúncia. Se eu renunciasse, teria de haver nova eleição", explicou.
Sobre as negociações para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, para 2011, Temer afirmou que a questão não deve ser discutida neste momento. "Isso é para depois, bem depois, não é para agora". O peemedebista ressaltou que essa é a primeira visita que faz a qualquer pessoa como vice-presidente eleito.