A vida do montador de acessórios de automóveis, Rodrigo Campos Roque, 23 anos, ficou "muito complicada", depois de ter sido agredido pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), no início da noite de quarta-feira desta semana.
O governador estava distribuindo panfleto durante caminhada que realizava com sua comitiva de assessores e cabos eleitorais quando deu um tapa de mão aberta no rosto do rapaz. A agressão aconteceu porque Rodrigo, disse-lhe que sabia através dos jornais que "o governador é ladrão".
"Fui levado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário e obrigado a assinar um Boletim de Ocorrência Policial, por injúria real contra o governador. Isso por volta de 8h da noite, mas saí de lá somente depois de assinar o documento, e isso foi às 2h da madrugada de quinta-feira(22)".
Nesta sexta-feira (23), ainda com os sinais de algemas nos pulsos foi fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL). A iniciativa faz parte da luta que esta travando para registrar a ocorrência como vítima. "Ninguém está conseguindo reverter o BO. Para a polícia eu sou um infrator, e acabou".
Ele esteve durante todo o dia percorrendo gabinetes de autoridades policiais, juntamente com membros do Centro de Defesa dos Direitos Humano (CDHU) e chegou a ser atendido na OAB-MS, onde o presidente da entidade Leonardo Duarte, classificou como "absurdo" a situação vivida pelo montador.
Duarte enviou ofício para a Diretoria Geral de Polícia Civil, pedindo esclarecimentos sobre o caso, e assim que possível vai acionar o Ministério Público Estadual, para analisar a questão. No CDHU, afirmou que o governador lhe entregou um papel e disse: "Vocês vêem aí que os jornais só falam bem de mim". Rodrigo respondeu: "os jornais não falam só bem do senhor, alguns jornais falam que o senhor rouba também".
Rodrigo garantiu que possui várias testemunhas, de que apenas tentou se livrar da agressão. "Ele (o governador) colocou uma das mãos sobre meu ombro direito e apertou muito. Senti uma dor muito forte, e o governador André Puccinelli me deu um tapão na cara".