Em meio a um debate interno sobre o posicionamento do partido no segundo turno da campanha presidencial, o PV realiza reunião nesta sexta-feira (8) para definir propostas prioritárias em torno das quais a sigla quer negociar seu eventual apoio a José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT). A ideia é elaborar uma plataforma mínima ara ser submetida aos candidatos.
Após essa reunião, a ser realizada no diretório do partido em São Paulo, está prevista uma entrevista da senadora Marina Silva, ex-candidata do partido à Presidência, em outro local: a casa na capital paulista que abrigou o comitê da campanha de Fabio Feldmann (PV) ao governo de São Paulo.
Luciano Zica, ex-deputado e membro da coordenação de campanha da Marina, avaliou que houve uma reação "desproporcional" à reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" que divulgou supostas críticas de Marina a dirigentes do PV que estariam negociando cargos em troca de apoio no segundo turno.
"Quatro ministérios pro PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade", afirmou a senadora na ocasião, segundo o relato do jornal.
Em nota divulgada na noite de quinta-feira (7), Marina negou ter criticado membros do partido e disse que suas declarações foram retiradas de contexto.
"Os trechos reproduzidos pelo jornal faziam parte de uma crítica a práticas da velha política e comentavam uma nota publicada no próprio veículo especulando sobre um hipotético oferecimento do PSDB que suscitara comentários na sala. Ao dar enorme destaque a declarações retiradas do contexto e ao lhes atribuir um objetivo que a senadora não visou, a reportagem termina por desinformar o leitor e cria uma situação inexistente no PV que já definiu que seu processo de discussão com os dois candidatos ao segundo turno será exclusivamente programático", afirma a nota da senadora.
O presidente nacional do PV, José Luis Penna, representante da ala do partido que tende a apoiar José Serra (PSDB) no segundo turno, classificou as informações sobre o debate interno no partido como "ansiedade" de setores que buscam "causar marola" na sigla.
Penna minimizou desavenças internas e disse acreditar nas afirmações de Marina. Preferiu não manifestar sua opção de posicionamento do partido no segundo turno e afirmou que respeitará a decisão da maioria.
O partido prevê a realização de convenção no dia 17 de outubro para definir seu posicionamento no segundo turno da disputa presidencial.
Zica vê diferença com ala do PV que quer negociar apoio por participação em governo
O ex-deputado Zica, ao comentar as informações sobre as supostas críticas internas de Marina, traçou diferenças entre o grupo da senadora, no qual se inclui, e o de Penna.
"A Folha deu uma manchete dura e naturalmente gerou reação daqueles que defendem a aliança com o Serra, o caso do Penna. É um pessoal que tem tradição, como todos os partidos tradicionais do Brasil, de negociar apoios também visando participar do governo, o que é legítimo. Só que nós não queremos fazer isso. Achei que foi desproporcional a reação porque ninguém conversou com a Marina antes de reunir o grupo, tomar uma decisão de chamar a Executiva antes de conversar. Mas isso está superado", disse.
Segundo ele, uma reunião da Executiva Nacional, na próxima quarta-feira, deverá discutir o assunto.
"Um dos desafios do PV é criar uma nova visão estatutária e programática que coloque primeiro a questão de programa à frente de eventuais interesses de espaço em governo. Espero que o pessoal tenha maturidade para não deixar notícia de jornal, que está sujeita a interpretação do jornalista, comprometer com a conjuntura global. Que o pessoal tenha a maturidade de entender a grandeza do momento que a gente está vivendo e não diminuir a importância disso."
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