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O governador eleito Beto Richa comemorou a vitória ontem no Centro Cívico | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O governador eleito Beto Richa comemorou a vitória ontem no Centro Cívico| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

O dia D

Confira como foi o dia de Beto Richa:

Vou de carro, não de moto Beto Richa chegou por volta das 9h30 para votar na Escola Estadual Amâncio Moro, no Jardim Social, em Curitiba. Chamado de "playboy" por adversários durante a campanha, ele dispensou neste ano a moto Harley Davidson com a qual foi votar na eleição municipal de 2008. Desta vez, foi de carro, acompanhado pela esposa Fernanda e o mais velho dos três filhos, Marcello.

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  • Conheça a história de Beto Richa

Carlos Alberto Richa (PSDB) aprendeu a fazer política com o pai, o ex-governador José Richa. Só que o pai nunca fez questão de ensiná-lo sobre o assunto. José Richa não queria que o filho entrasse na política. "Meu filho, sai dessa. A vida de um político é muito difícil", dizia o pai. Apesar de ter se formado em Engenharia Civil, Beto optou mesmo pela vida pública. Em 1994 foi eleito deputado estadual; reeleito em 1998; vice-prefeito de Curitiba, em 2000; e prefeito da capital, em 2004 e 2008. "Sabe, acho que ele está melhor do que eu", confessou o pai, já doente, à esposa, Arlete Vilela Richa. José Richa morreu em 2003 e testemunhou os primeiros anos da vida pública do filho. A mãe de Beto, que o acompanha até hoje e apareceu no programa eleitoral do filho na televisão, vê a política como um caminho que não é fácil, no qual tem de se "engolir muito sapo". Arlete diz que a decisão do filho de seguir carreira surpreendeu a família.

Só que, indiretamente, os pais acabaram incentivando-o. A infância e a adolescência de Beto foram marcadas por eventos oficiais, inaugurações e jantares na casa da família. "Muitos políticos frequentavam a minha casa. Às vezes fazia almoço e jantares", lembra Arlete. "Ulisses Guimarães [político que teve papel fundamental na redemocratização do Brasil] e Tancredo Neves [ ex-presidente] sempre iam lá em casa almoçar."

Nestas ocasiões, Beto e os dois irmãos participavam pouco das conversas. A tarefa deles era ver se faltava água nos copos dos convidados, pegar mais vinho e ajudar a mãe a servir, ordens dadas pelo pai. "Quando não tem filha mulher, a gente bota os homens para trabalhar", brinca Arlete.

Dona Arlete diz que o marido era enérgico e lembra de várias situações em que seu temperamento forte se mostrava. Uma vez, quando a família ainda morava em Londrina, Beto teve de fazer um trabalho de escola sobre a administração do prefeito, que na época era o próprio pai. O garoto correu para perguntar ao pai quais eram as obras mais importantes do município. "Não vou te ensinar nada. Puxe pela sua cabeça e faça o trabalho", disse José Richa ao filho, que nos finais de semana acompanhava inaugurações da prefeitura.

Em outra ocasião, Beto pediu dinheiro ao pai porque ia participar de uma competição de natação em outra cidade e tinha que pagar despesas de viagem. "Filho, me traga o troco", determinou José Richa. Na volta, o Beto devolveu quase todo o dinheiro que tinha recebido. "Sabe, meu filho, já que você fez economia, o dinheiro é seu", disse o pai.

A lembrança de Beto é de uma infância simples, comedida e religiosa. A família inteira ia à missa aos domingos e ficava até depois da celebração para conversar com o padre. Beto lembra que tinha de estudar bastante, senão corria o risco de não ter permisssão para descer do apartamento para brincar na pracinha, em Londrina.

Os Richa dizem que sempre foram pessoas simples, embora os adversários afirmem o contrário. Durante as campanhas, Beto recebeu o apelido de "playboy" e foi apontado como alguém que nunca trabalhou e que não tem carteira assinada.

A secretária Lúcia Jovita Inácio, que trabalha há 16 anos com Beto Richa, garante que o patrão é uma pessoa humilde. "A simplicidade dele é fora do comum", diz Lúcia. Segundo ela, as manias do governador eleito são ficar escrevendo em papeis enquanto conversa e ficar sem sapatos, só de meias, em sua sala privada. É bem-humorado, exigente e ocupa os espaços livres na agenda para ficar com a família, completa a secretária.

O filho mais velho de Beto, Marcello, 24 anos, diz que ele, os dois irmãos e a mãe Fernanda Richa entendem as ausências do pai. Quando estão juntos, pai e filhos vão a churrascos e festas de amigos. Também praticam esportes, principalmente futebol. "No domingo, às 8 horas, ele me arrancava da cama para ir jogar bola com ele e meu avô", lembra Marcello.

Em época de eleição, Beto – que sempre teve a imagem de esportista – parou um pouco com as atividades esportivas. A perda de peso foi por conta do desgaste físico das caminhadas de campanha. Marcello o acompanhou em algumas e promoveu outras, à frente da coordenação estadual da juventude do PSDB. "Gosto muito de política, uma das paixões que herdei do meu avô", diz o jovem.

Assim que percebeu o interesse de Marcello pela política, há cerca de oito anos, Beto desencorajou o filho. Curio­samente, adotou o discurso parecido com o do pai, José Richa. Disse que era uma carreira de doação e sofrimento. Agora, Beto entende um pouco melhor a participação do filho, mas não o incentiva tanto assim. "Sofro a mesma coisa agora", diz o filho Marcello, lembrando dos tempos do avô.

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