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Erenice Guerra terá de esclarecer a relação entre a empresa de seus filhos com as estatais | Elza Fiúza/ABr
Erenice Guerra terá de esclarecer a relação entre a empresa de seus filhos com as estatais| Foto: Elza Fiúza/ABr

Clima mais sereno

Ao contrário de acirrar os ânimos da militância, o episódio em que o candidato José Serra (PSDB) foi atingido por um objeto durante uma caminhada na zona oeste do Rio semana passada deu origem a provocações e sátiras de parte a parte no domingo de campanha no Rio de Janeiro.

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Em meio a denúncias de aparelhamento político e montagem de dossiês contra inimigos do governo, a Polícia Federal toma hoje os depoimentos de dois personagens centrais da crise que cerca a candidatura presidencial de Dilma Rousseff (PT). A ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), acusada de favorecer negócios de familiares com o governo, será interrogada às 9 horas. A seguir, o jornalista Amau­­ry Ribeiro Jr. dará explicações sobre a suspeita de encomendar e pagar pela violação de sigilo fiscal de dirigentes tucanos e da empresária Verônica Serra, filha do candidato presidencial José Serra (PSDB).

Ribeiro poderá sair do depoimento indiciado por corrupção ativa e violação de sigilo. A PF diz ter provas de que ele pagou R$ 12 mil ao despachante Dir­­ceu Garcia, de São Paulo, em outubro de 2009, para obtenção ilegal dos dados. Agora os policiais investigam se foi também ele quem pagou recentemente R$ 5 mil como "cala boca" para que o despachante silenciasse sobre o episódio. Ribeiro recebeu a intimação e seu depoimento está marcado para as 10 horas. Mas nem ele ou seu advogado confirmaram a presença. Como esta é a segunda convocação, a PF alerta que pode recorrer ao recurso da condução coercitiva.

O dinheiro para calar a testemunha foi depositado nos dias 9 e 17 de setembro último, nu­­ma agência do Bradesco em Bra­­sília, onde tem conta o empresário Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, que trabalhou na primeira fase da campanha de Dilma e convidou Ribeiro para integrar o núcleo de inteligência petista. Os dados comprados pelo jornalista acabaram em poder da pré-campanha de Dilma, que foi acusada de encomendar dossiês contra o adversário tucano. A PF obteve a quebra de sigilo dos envolvidos e faz cruzamento de dados para confirmar de onde saiu o dinheiro. No seu depoimento, Garcia disse que só aceitou a ajuda de Amaury porque passava por "dificuldades financeiras".

Em nota, o jornalista negou as acusações e afirmou que "jamais pagaria pela obtenção de dados fiscais sigilosos de qualquer cidadão". Até agora, Ribeiro prestou três depoimentos. No último, em 15 de outubro, ele revelou ao delegado Hu­­go Uruguai que recebeu a missão de investigar dirigentes tucanos do jornal onde trabalhava, o Estado de Minas, para proteger o governador mineiro, Aécio Neves, de espionagem ilegal comandada pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), a serviço de Serra, num caso típico de fogo amigo.

Ele afirmou que saiu do jornal no final de 2009, mas deixou um relatório completo da apuração, levando uma cópia consigo para futura publicação de um livro. Na sua versão, a inteligência do PT teria tomado conhecimento do conteúdo de investigação e o convidou para trabalhar na equipe de campanha de Dilma. Ele disse que acabou recusando o convite e alega que o deputado Rui Falcão (PT-SP), um dos coordenadores da campanha petista, invadiu clandestinamente o apartamento que ele ocupava, no Hotel Meliá, e copiou os dados dos tucanos.

Dossiês

A PF abriu inquérito no final de junho, após a divulgação que o comitê de Dilma produzia dossiês contra tucanos e familiares de Serra, com dados levantados por Ribeiro. Falcão foi interrogado no início do inquérito, em julho passado, na condição de testemunha. Mas era um outro contexto e ele foi ouvido por ser um dos coordenadores da campanha de Dilma e estar engalfinhado numa disputa de poder com outro grupo petista, co­­man­­dado pelo ex-prefeito de Belo Hori­­zonte Fernando Pi­­mentel.

Já a ex-ministra Erenice terá de explicar em outro inquérito, comandado pelo delegado Roberval Ricalvi, se tinha co­­nhecimento das intermediações de contratos da empresa de consultoria Capital, comandada pelos seus filhos Israel e Saulo Guerra, com empresas estatais. Um desses contratos, denunciado pelo empresário Fábio Baracat, já ouvido pela PF, Israel negociou pagamentos mensais de R$ 25 mil e uma taxa de sucesso de R$ 5 milhões, para ajudar a empresa de transportes aéreos MTA a ampliar seus negócios com os Correios.

Leia mais sobre a reação dos candidatos aos escândalos do governo federal na página 10.

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