Interatividade
Internautas podem escrever sobre as necessidades de cada região. Veja abaixo a opinião de moradores do Norte Pioneiro:
"O Norte Pioneiro não precisa só de investimento nas atividades primárias agropastoris, mas na infraestrutura industrial e comercial."
Edson dos Santos Ferreira
"Faltam médicos em nossa cidade, não temos nem veículos da saúde para levar os doentes até os centros de atendimentos de outras cidades."
Simone Faria
"São Jerônimo da Serra não possui escolas municipais. As duas escolas municipais de sede do município convivem em dualidade administrativa com outras duas escolas estaduais que são proprietárias do terreno."
Vanderlan Aparecido Gobbo
"Região carente de postos de trabalho, muito em função da qualidade do ensino e do nível de formação profissional."
Marcelo
"É importante destacar a importância do Rio Paranapanema, que não possui mais leito de rio corrente. Foi tomado quase em toda sua totalidade por usinas hidrelétricas."
Neilor Alexandre
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Cinco amigos e um problema em comum: apesar da vontade de estudar e trabalhar com a agricultura, todos têm dúvida a respeito do que conseguirão. Ygor, Edson, Felipe, Luís e Lucas moram em Santo Antônio da Platina, uma cidade com um dos maiores comércios do Norte Pioneiro mas, como os demais municípios da região, com forte base econômica na agricultura. A gurizada enxerga o futuro no campo, mas não tem possibilidade de se qualificar por causa da falta de oferta de cursos na área.
Apesar da existência de 12 instituições de ensino superior na região, apenas o campus em Ban-deirantes da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) oferece dois cursos voltados à agricultura: Agronomia e Medicina Veterinária. Para quem tem condições de pagar uma faculdade particular ou arcar com os custos e morar longe de casa, é possível fazer uma faculdade em Ourinhos, no estado de São Paulo, ou disputar vagas nos concorridos vestibulares de Londrina e Ponta Grossa.
Ygor Biaggioni Batista tem 19 anos e quer fazer Medicina Veterinária. Sua opção mais próxima é a Uenp, a 60 quilômetros de distância. Como o curso é integral (manhã e tarde), para Ygor é difícil ir e voltar todos os dias. A melhor opção seria morar em Bandeirantes, o que torna mais difícil tornar o sonho realidade, já que as despesas aumentam. Ele sabe que é muito complicado seu plano dar certo, mas ainda acredita. "Pretendo arrumar um trabalho à noite e morar lá. Mas tenho que apelar para a mãetrocínio", brinca, ao contar como pretender arranja, cerca de R$ 600 por mês para se manter em outra cidade.
Luís Guilherme Schmeiske, também de 19 anos, sabe que o total das despesas para fazer uma faculdade fora é muito maior. Ele estudou Zootecnia em Ponta Grossa, em uma faculdade privada, durante cerca de um ano. Gastava cerca de R$ 1,6 mil por mês e teve de desistir. Agora, quer tentar outro curso da Uenp. "Preferi estudar por aqui porque é mais barato", revela.
Felipe Eleotério Martins quer estudar agronomia e também tem como única opção Bandeirantes. Os outros dois, Edson Guilherme Vieira e Lucas Martins Rodrigues, sonham com o curso de Zootecnia, que não existe na região.
Diploma na gaveta
O número de matrículas em cursos superiores na região cresceu 10% entre 2004 e 2008, mas a maioria da oferta de vagas é para profissões com pouco apelo econômico, como Magistério, Admi-nistração, Ciências Contábeis e algumas faculdades na área da Saúde. A procura por cursos profissionalizantes também cresceu no período (2,3%), apesar de ter caído em 2007 e 2008 na comparação com 2006 (veja na página anterior). O problema é que o diploma acaba servindo apenas para decorar a parede ou ficar guardado em uma gaveta, sem sentido prático.
É o caso de Charles Rodrigo Toniette, um dos integrantes da família (veja matéria principal, na página 17) que cria frangos. Ele é casado e não tem filhos. É formado em Administração por uma faculdade de Wenceslau Brás, mas não usa nada do que aprendeu no curso superior. "É muita teoria. Eu achava que era mais prática (a faculdade) do que teórica", diz.
A vontade de Charles era ter cursado Zootecnia, como os três amigos de Santo Antônio da Platina. Não fez isso porque não o curso não existia na região. Ele se conforta com o fato de pelo menos ter crusado uma faculdade. Imagina que isso possa ajudá-lo no futuro. "Se um dia criar frango der problema, pelo menos eu tenho um curso superior, tenho uma saída", aposta.
Leia amanhã: Expedição retrata o Norte Central paranaense.
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