Crescimento e redução da desigualdade são os desafios
Agência O Globo
No plano econômico, o próximo governo vai enfrentar quatro desafios fundamentais: sustentar o crescimento econômico acima de 4% ao ano; garantir a estabilidade macroeconômica; reduzir a desigualdade e a pobreza; e melhorar a qualidade de vida da população.
Desde que os brasileiros voltaram a eleger o Presidente da República, em 1989, um comportamento que parece ter prevalecido neste ano vem norteando as escolhas dos eleitores: eles votam cada vez mais de olho no próprio bolso.
Essa análise tem sido confirmada por pesquisadores em Ciência Política do Brasil. De acordo com uma corrente de estudos de comportamento eleitoral, o votante age como um juiz, decidindo se a atual administração deve ou não permanecer. Assim, se está satisfeito com a gestão vigente, tende a votar no candidato do governo. Se está insatisfeito, vota com a oposição. É uma lógica que parece óbvia, mas que obedece mais um critério: em eleições federais, é a satisfação com a política econômica que parece ser fundamental para a definição do voto.
A maior parcela dos eleitores pode até não entender perfeitamente o que é balança comercial, política cambial, déficit orçamentário ou questões macroeconômicas. Mas o governo é bom, para o eleitor, se ele está tendo maior poder de compra. Dessa forma, além do Bolsa-Família, que atendeu uma parte menos privilegiada da população, algumas ações, como a redução do IPI para a compra de carros e de eletrodomésticos linha branca (como geladeira, fogão, máquina de lavar e tanquinho) parecem ter deixado o cidadão de classe média satisfeito.
Na primeira eleição presidencial do período democrático após o regime militar a inflação aterrorizava os brasileiros e somente 7% do eleitorado diziam pretender votar em um candidato apoiado por José Sarney. O Plano Cruzado naufragava e quem venceu as eleições de 1989 foi Fernando Collor de Mello.
Em 1994, o peso do Plano Real, avaliado positivamente, foi elemento decisivo na eleição, com a vitória de Fernando Henrique Cardoso, no primeiro turno. Em 1998, mesmo com um momento mais difícil do Plano Real, a avaliação foi que o presidente Fernando Henrique era o melhor para manter o rumo que a economia tinha tomado. O segundo mandato de Fernando Henrique foi mais tenso, com dificuldade de manter o clima anterior do Plano Real. Depois de oito anos de governo, as dificuldades na economia pesaram, os juros subiram e a popularidade do governo foi agravada pelo racionamento de energia. Nesse cenário, Lula se elegeu.
Em 2006, o governo Lula apresentava um PIB melhor do que o governo anterior. Porém a reeleição foi conseguida graças a um efeito da política social, o Bolsa Família, que tem como consequência na economia a melhora do poder de compra de um segmento desfavorecido da população.
Avaliação positiva
Chegamos a 2010 com o governo Lula atingindo a marca de 72% de avaliação positiva e 75% de satisfação com a gestão no fim da campanha (Ibope/ CNI). "O voto econômico em determinado momento é traduzido como Plano Real, em outro com identificação ao combate à inflação e desemprego e agora com a política social", diz o cientista político Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná. Ele diz que, se a disputa ficasse somente na discussão sobre o governo, provavelmente Dilma venceria no primeiro turno, mas a polêmica moral, criada com a discussão a respeito do aborto, protelou a decisão. "Com essa questão do aborto, parte do eleitorado migrou para Marina [candidata do PV], decidindo de forma desinformada, já que ela era a única entre os três que tinha em seu plano de governo a questão do aborto", diz Cervi. A disputa foi levada para o segundo turno, mas não houve uma nova questão que impactasse negativamente na campanha de Dilma, ou na imagem do governo.
O principal cabo-eleitoral de Dilma Rousseff fez diferença. Lula construiu a candidatura de sua sucessora e esteve presente em toda a campanha. Usou as armas que possuía para eleger sua candidata. Antes da campanha, andou com Dilma a tiracolo em eventos oficiais. Apelidou-a de "Mãe do PAC", a principal política de desenvolvimento de seu governo, e tratou de inaugurar obras ao seu lado. Durante a campanha, era Lula quem subia no palanque com Dilma quando não sem ela, como em Curitiba na semana passada. A presença de Lula na campanha, diz Cervi, pode não ser suficiente para explicar a eleição. É a satisfação com o governo, no geral, e a falta de uma denúncia que impactasse nessa satisfação, que levou à vitória da situação.
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